Bancos despreparados para enfrentar o "dinheiro sujo" / Monitoramento de casos suspeitos depende dos funcionários
Avalia-se que os capitais "lavados" por traficantes de drogas, armas, escravas brancas e demais criminosos através do sistema financeiro mundial somam US$ 1 trilhão por ano. A guerra contra a lavagem de dinheiro e o financiamento do terrorismo são grande desafio para os bancos, canal de legalização dos lucros oriundos de atos criminosos.
O custo da repressão à lavagem de dinheiro aumenta dramaticamente para os bancos, já que o envolvimento do setor financeiro na batalha contra o crime organizado cresce assustadoramente.
Paralelamente, esta atividade tornou-se mais difícil por causa da complexidade crescente do mercado de capitais, que inclui maior exposição em mercados emergentes freqüentemente desconhecidos e o aumento considerável do uso de medidas financeiras alternativas.
A KPMG recentemente concluiu uma pesquisa internacional entre 224 bancos de 55 países sobre os temas que os preocupam em relação à repressão da lavagem de dinheiro (Anti-Money Laundering, ou AML na sigla em inglês).
Considerando os resultados da pesquisa anterior, realizada em 2004, os bancos aumentaram os gastos com a aquisição de sistemas e desenvolvimento de processos AML em cerca de 58%, percentual consideravelmente superior a avaliação de aumento de 43%, feita há três anos. O maior gasto continua no monitoramento das transações e no treinamento de pessoal.
Apesar da redução entre o gasto previsto e o realizado, os bancos avaliam que nos próximos três anos o aumento do gasto para temas AML será de apenas 34%, provavelmente subestimando - novamente - a complexidade da operação.
A participação de executivos de bancos na repressão aumentou, aproximando-se de 71% dos bancos da amostragem, contra os 61% de 2004. A maioria dos bancos (85%) tem política AML comum no mundo, que se estende de 58% no Oriente Médio e na África até os 100% nos EUA.
Existem indícios claros de que os sistemas que monitoram as transações deveriam ser aperfeiçoados. Apesar da existência de tecnologia complexa, 97% dos bancos consideram que dependem da vigilância de seus funcionários para o monitoramento e localização de casos suspeitos.
Ao mesmo tempo, 1/3 dos bancos não está satisfeito com a eficácia dos sistemas de monitoramento das transações, e menos de um em cada cinco se dizem "muito satisfeitos".
Mesmo após todos os esforços, providências e gastos com sistemas e treinamento, o volume de casos suspeitos aumentou 70% entre os bancos da amostragem, e 42% deles declararam que o número de casos suspeitos aumentou consideravelmente.
Um outro tema considerável, no qual os bancos envidam grandes esforços, é a localização de pessoas politicamente expostas envolvidas em lavagem de dinheiro. Entre os bancos pesquisados, sete em cada 10 declararam efetuar severos controles.
Mary Stassinákis
Sucursal da União Européia