sexta-feira, julho 20, 2007

EUA: Avolumam-se os sinais de uma crise financeira mundial

Jogo selvagem contra o dólar

Problemas nos EUA afastarão capital estrangeiro

A "rifa" da moeda norte-americana assumiu grandes proporções na semana passada. Por trás, o temor de que os crescentes problemas no mercado de crédito, provocados pelo agravamento da crise no mercado de empréstimos habitacionais de alto risco dos EUA (subprime market), afastarão o capital estrangeiro dos ativos expressos em dólar.
O catalisador das pressões de queda contra o dólar foi a reação de pânico dos investidores quando as agências Standard & Poor"s e Moody"s anunciaram o reexame da classificação de debêntures lastreadas em empréstimos de alto risco e baixa confiabilidade do mercado subprime dos EUA.
As debêntures empresariais, que constituem uma das fontes de financiamento mais significativas do gigantesco déficit da balança de contas correntes norte-americana, entraram no meio do ciclone.
Além disso, uma - eventualmente de maiores dimensões - desvalorização destas debêntures aumenta o temor de abertura da "Caixa de Pandora", porque emergirão riscos reais provenientes das ferramentas financeiras compostas (collate-ralised debt obligations ou CDOs).
Uma desvalorização ainda maior de seu valor atingirá portfólios de bilhões de dólares em todo o mundo não só no setor do crédito habitacional, fomentando a queda de confiança dos investidores nos CDOs.
Por outro lado, a grande desvalorização do dólar constituirá desafio para a própria economia norte-americana. Sua queda fortalece a competitividade da economia dos EUA e enfraquece as pressões que atingem o ballooning déficit da balança comercial.
A curto prazo, este déficit eventualmente se agravará, pois serão pagos mais dólares na importação de alguns produtos, como petróleo, e serão arrecadados menos dólares dos produtos exportados por causa da queda de seu preço.
Esta desvantagem, contudo, virará vantagem com o aumento de demanda dos produtos norte-americanos mais competitivos.
Desafios
Contudo, os desafios para a economia da Zona do Euro, em decorrência da grande valorização do euro contra o dólar e o iene, provocam reações polêmicas entre Paris e Berlim. Os políticos alemães declaram que adoram o euro forte e não estão nada preocupados com as eventuais consequências sobre a dinâmica exportadora da Zona do Euro.
Já Nicolas Sarkozy declara que quer um euro desvalorizado para o aumento do ritmo de crescimento na Zona do Euro e que os ministros de Economia da Zona do Euro (Eurogroup) devem desempenhar papel mais destacado na definição da paridade do euro. O duelo verbal entre Sarkozy e sua colega alemã Angela Merkel atingiu proporções de um verdadeiro bate-boca.
Ninguém nega que um euro forte contribui sobremaneira para a criação de um "ciclo econômico virtuoso". Isto porque, ao pressionar a inflação, evita a freqüência de elevações da taxa de juros chave para o custo do endividamento na Zona do Euro. E também fortalece a renda real das famílias e o consumo, contribuindo para a manutenção do forte ritmo da atividade econômica.
Destaque-se que o desaquecimento da demanda doméstica, principalmente na Alemanha, foi um dos fatores decisivos para o ritmo anêmico de recuperação da Zona do Euro nos meses anteriores.
Por outro lado, avalia-se que os gastos de consumo dificilmente contrabalançarão sozinhos as consequências da perda de competitividade da Europa. Este fator é suficiente para provocar a desaceleração do ritmo de crescimento da economia da Zona do Euro.
Laura Britt
Sucursal da União Européia.

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