segunda-feira, julho 02, 2007

China Triplicação do imposto de selo acalma temporariamente otimismo das bolsas domésticas.

OPINIÃO

Autor: CEBC

30/06/2007, in Fator Brasil


A fim de conter o super aquecimento do mercado acionário doméstico e as perdas significativas dos investidores, em especial de pequenos investidores individuais, o governo chinês triplicou, em 30 de maio, o chamado imposto sobre o selo, que incide sobre transações de ações, acordos técnicos e registros comerciais contábeis.
A medida, que elevou a tarifa de 0,1% para 0,3%, foi responsável por nova queda das bolsas internacionais e pela segunda maior queda das bolsas chinesas em 2007 – a primeira, em fevereiro, foi de 8,8%.
O acelerado crescimento econômico, o excesso de liquidez e a possibilidade de ganhos imediatos têm estimulado apostas no mercado de capitais chinês. Nos quatro primeiros meses de 2007, a bolsa de Xangai registrou valorização de 62%.
No mesmo período, milhões de novas contas para transações de ações foram criadas. Parte significativa das contas abertas, no entanto, permanece inutilizada, dado que boa parte é controlada por companhias chinesas ou utilizadas por investidores que possuem mais de uma conta.
O cenário excessivamente otimista das bolsas tem sido motivo de preocupação para o governo chinês. Atento à possibilidade de formação de bolha especulativa no mercado de capitais doméstico, o país já adotou outras medidas para conter investidores. Recentemente, proibiu concessões de empréstimos em cartões de crédito que tenham como finalidade a aplicação dos recursos no mercado acionário. O principal objetivo é evitar que a poupança de cidadãos chineses seja perdida em investimentos de risco em um país carente de um sistema de previdência social consolidado.
Com receio de que medidas mais drásticas fossem implementadas, logo após anúncio de elevação do imposto sobre o selo as bolsas chinesas registraram queda abrupta. O principal indicador da bolsa de Xangai, o Shanghai Composite Index (SCI), recuou 6,5%, influenciando as demais bolsas do mundo. Ainda como reflexo da decisão governamental, em 4 de junho, registrou-se a segunda maior queda anual das bolsas chinesas, de 8,2%.
O desafio do governo chinês está, portanto, em associar confiança dos investidores ao controle do superaquecimento do mercado de ações e, assim, garantir estabilidade econômica. Embora o mercado de capitais tenha se tornado cada vez mais relevante para a economia chinesa, ele ainda é incipiente e menos importante do que em outros países em desenvolvimento. Dados da Economist Intelligence Unit (EIU) apontam que mais de 75% das ações de primeira linha da bolsa de Xangai são de empresas estatais com baixa liquidez.
O anúncio de mudanças no mercado acionário chinês foi, como em fevereiro, utilizado como justificativa para a desvalorização das bolsas de outras praças. No entanto, dado que as bolsas da China movimentam um volume reduzido de capital, restringem a participação de investidores estrangeiros e não refletem a realidade dos negócios no país, suas oscilações têm ainda impacto pouco significativo sobre o desempenho financeiro das grandes bolsas internacionais.



Nota: As opiniões publicadas expressam exclusivamente os pontos de vista do(s) respectivo(s) autor(es).

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