sexta-feira, julho 20, 2007

Fundamentalismo Islâmico: Dossiê al Qaeda e o crescimento do terrorismo

Os resultados da política maniqueísta dos EUA
Todos os analistas políticos sérios constatam, com unanimidade, que o terrorismo não foi eliminado. Pelo contrário, foi fortalecido. A Al Qaeda, que era o alvo dos EUA após a guerra no Afeganistão, não foi dissolvida. Ela se reorganizou, criou franquias e realizou uma série de novos atentados em vários pontos do planeta.
Osama bin Laden, de acordo com informações de fontes rigorosamente fidedignas, está em algum lugar do Paquistão, na zona fronteiriça com o Afeganistão, já conhecida da Agência Central de Inteligência (CIA).
Seus esforços para adquirir uma bomba com elementos radioativos, com a qual poderia desferir um sério golpe na economia mundial caso ela fosse lançada sobre algum estreito estratégico ou algum canal, são sempre mencionados.
Fala-se dos canais de Suez, Panamá, Ormuz, o estreito de Gibraltar ou até um grande porto norte-americano. Algo que, segundo especialistas, levaria ao fechamento de rotas marítimas importantes para a economia.
Mas até que ponto Osama bin Laden dispõe de possibilidades para algo desse tipo ninguém sabe, embora os serviços secretos ocidentais atrevam-se sempre a redigir "relatórios" garantindo que "existem negociações à respeito".
Enquanto isso, alguns colunistas de vários jornais ocidentais especializados em temas militares acreditam que "não é nada impossível", mas existem aqueles que têm dúvidas.
Seja lá o que esteja acontecendo, a incerteza gera desinformação e contra-informação, técnicas conhecidas dos serviços secretos ocidentais. E enquanto essa incerteza pairar, causará sérias consequências tanto para a economia quanto para todas as atividades humanas.
Contrariando as alegações dos EUA e de seus aliados, a invasão e a guerra do Iraque causou o crescimento ao invés da queda do terrorismo. O país tornou-se um viveiro, com a chegada de grupos de islâmicos fanáticos vindos da Arábia Saudita, Jordânia, Paquistão, Egito e Sudão.
Simultaneamente, a situação explosiva na Palestina, com o sucessivo derramamento de sangue e a incapacidade ou falta de vontade política dos EUA para impor a Israel a aceitação de um Estado palestino realmente independente e autônomo, cria um sentimento de humilhação étnica e nacionalista nas massas árabes.
Isso facilita o recrutamento de novos adeptos e fiéis tanto pela Al Qaeda quanto pelas organizações por ela franqueadas. Além dos árabes, a política maniqueísta norte-americana facilita o recrutamento de novos membros em todo o mundo muçulmano.
Além da humilhação árabe e muçulmana no Iraque, na Palestina em todo o Oriente Médio e nos países da Ásia Central, também existem os gigantescos problemas sociais, tanto no mundo árabe quanto no muçulmano. Para sua eliminação, o Ocidente, e particularmente os EUA, fazem muito pouco.
Certamente, estes gigantescos problemas sociais, que se agravam diariamente graças à globalização neoliberal, fortalecem o fanatismo religioso e a fama das organizações terroristas.
Todos os especialistas que estudam as disposições da opinião pública nos países árabes e muçulmanos conhecem suas posições em relação a Al Qaeda e a Osama bin Laden. Todas as pesquisas mostram isso. Aqueles que para o Ocidente são terroristas, para as massas dos países árabes e muçulmanos são heróis.
Até os atentados de 11 de setembro de 2001 foram aplaudidos por muitos ou considerados uma espécie de justiça divina. Somente os cegos não vêem aonde a situação criada com tudo que se seguiu após aquele dia levará, por causa do sonho imperialista norte-americano.
O mundo mudou?
A pergunta se o mundo mudou após 11 de setembro de 2001 é plenamente justificada. Alguns analistas políticos sustentam que "perdeu-se, essencialmente, o otimismo que predominou durante a década de 1990, particularmente com a presidência de Bill Clinton nos EUA".
Não é que não havia problemas naquela época, basta lembrarmos do massacre nos Bálcãs e os bombardeios selvagens e desumanos na Iugoslávia. Mas foram dados alguns passos à frente.
Os acordos de Oslo deixavam algumas esperanças de regularização do problema palestino, na Irlanda do Norte existiam expectativas sérias de paz após longos anos de derramamento de sangue, a democracia deu os primeiros passos na América Latina, a complementação européia avançou e a economia mundial, apesar das imensas desigualdades, apresentava algumas perspectivas positivas.
Em outras palavras, o clima que predominava naquela década - sem ser absolutamente positivo - respirava, mesmo com limitações, um ar de otimismo quanto ao futuro.
Após 11 de setembro de 2001, predominou um clima de pessimismo quase absoluto. E pior, o mundo voltou à percepção maniqueísta da época da Guerra Fria. De um lado os "bons" e de outro os "maus".
Um clima que fortaleceu a cretinice da ideologia neoconservadora e neoliberal, que dominou Washington e teve em Bush seu pregador, de forma cretina.
As diversas pesquisas de opinião mostram a predominância de um tipo de incerteza em todos os setores da atividade humana, fortalecida pela forma com a qual os EUA manipularam a crise surgida em decorrência dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.
Obviamente, existe a sensação de medo e de insegurança. A nova situação, surgida em decorrência dos atentados terroristas, deveria ser enfrentada. Mas a política maniqueísta norte-americana, a soberba e a unilateralidade levaram ao resultado atual de isolamento do Império e crescimento do terrorismo.
Serbin Argyrovitz
Enviado especial a Beirute

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