Em palestra para educadores latino-americanos reunidos na 11ª LABCI Conference, o professor Zhang Lianzhog, do Ministério da Educação da China, informou no dia 13 de julho, que, dos 224 milhões de alunos de seu país, 200 milhões estão estudando inglês. O ensino do idioma em larga escala foi introduzido em reforma educacional, adotada em 2001, para preparar a população para a abertura da China ao mercado internacional.
Em dois anos, a China vai introduzir o ensino de inglês por nove anos consecutivos no sistema educacional de todo o país. O domínio do idioma é considerado elemento chave para a política de abertura do país ao mercado internacional. Desde 2001, o governo introduziu o ensino da língua inglesa no currículo escolar de crianças da terceira série do Ensino Fundamental. Hoje, dos 224 milhões de alunos de todos os níveis – do Ensino Fundamental ao Superior -, 200 milhões estudam inglês. Mais de 60% deles vivem em cidades. A perspectiva do governo chinês é fazer com que, até 2009, a população das pequenas vilas possa aprender o idioma de Shakespeare.
“Temos de fazer um trabalho impossível”, reconheceu na noite de ontem (13 de julho) o professor Zhang Lianzhong, do Ministério de Educação da China, na palestra “Preparando-se para a marcha global”, que integrou a 11ª LABCI Conference – Latin American British Cultural Institutes e o British Council Policy Forum, no WTC Hotel, em São Paulo. Aberta quinta-feira (12) pela princesa Anne, a 11ª LABCI Conference reuniu mil educadores de 15 países do continente, Europa e Ásia para discutir em 150 mesas-redondas, palestras e oficinas o tema "Learning Cultures: What´s Next?". A conferência foi sediada pela Cultura Inglesa de São Paulo.
Quebrando a tradição - Professor-doutor em Lingüística e Inglês, Zhang Lianzhong é vice-presidente executivo da China Basic Foreign Language Education Research and training Centre (China BFLE) e membro do National English Syllabus Standard Drafting Committee do Ministério de Educação da China.
Simpático e com um inglês impecável, Zhang abriu sua palestra dizendo que, segundo previsões de especialistas, a China deve ser tornar a primeira economia mundial em 2050. “Nossa idéia é substituir os produtos ‘made in China’ por produtos ‘designed in China’”, explicou.
Para dar este salto, o governo iniciou em 1999 o desenvolvimento de uma reforma educacional para alçar o ensino de inglês entre suas prioridades. “Por que estudar inglês? Para entender outras culturas, ‘abrir a cabeça’, ultrapassar as barreiras de comunicação e aumentar a força intelectual do país”, afirmou Zhang.
A primeira barreira enfrentada foi quebrar a tradição milenar de ensino na China, na qual o professor é tido como autoridade máxima em sala de aula e os alunos meros “receptores” de informações. “Por conta dessa tradição, aprender inglês era memorizar funções gramaticais básicas para passar nos testes de múltipla escolha. Tanto as instituições de ensino como os pais valorizam até hoje os resultados dos exames. Pela tradição, os alunos tinham de comportar bem. Se falassem em sala de aula, o professor sentia sua autoridade questionada”, esclareceu o professor.
A reforma de ensino trouxe novos conceitos educacionais como o incentivo de fazer o aluno se comunicar em língua estrangeira, interagir e cooperar com os colegas e se transformar em responsável pelo seu próprio aprendizado. Este movimento exigiu a capacitação de 800 mil professores só no Ensino Médio, a concepção e produção de 40 tipos de livros didáticos para as diferentes faixas etárias e introdução do ensino on-line. Hoje, o ensino de inglês consome por ano U$ 60 bilhões.
Um milhão de professores
Zhang Lianzhong reconhece que a massificação do ensino da língua inglesa trouxe desafios ainda não vencidos. “Precisamos de um milhão de professores de inglês para as escolas de Ensino Fundamental. Também temos de treinar mais de 500 mil professores do Ensino Médio”, afirmou. A capacitação de professores esbarra ainda nos recursos limitados do governo e no grande número de alunos por classe – cerca de 60.
O sistema de avaliação precisa ser revisto. Os professores reclamam que é difícil transformar a metodologia de ensino, baseada no incentivo de fazer o aluno se comunicar em sala de aula, se o sistema tradicional de testes de múltipla escolha continua em vigor.
Outro desafio é a descentralização do currículo nacional. “Se quisermos atingir todas as regiões de um país das dimensões da China, teremos de dar autonomia às províncias, que hoje vivem numa situação muito desigual à das cidades”, disse o professor.´
Fonte: Fator Brasil
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