Os EUA e a Índia revelaram hoje ter fechado com sucesso as negociações sobre um acordo de cooperação nuclear gerador de vantagens políticas, económicas e geoestratégicas para os dois países.
Não foram fornecidos detalhes sobre o polémico pacto, cuja conclusão se arrastava há muito, embora as duas partes concordem na necessidade de adoptar medidas sensíveis antes da sua execução.
O acordo, aprovado pelo governo da Índia, na quarta-feira, concede facilidades aos indianos para comprarem combustível e equipamentos nucleares aos EUA, pela primeira vez desde há três décadas.
A polémica centra-se no critério dúplice de Washington face a Nova Deli, e aplicado a outros países - como Israel - que se recusaram não apenas a assinar o tratado de não-proliferação mas que, apesar da oposição da comunidade internacional, realizaram testes com armas nucleares. O Irão, que é um dos países subscritores do tratado, tem-se confrontado com a irredutível oposição da administração Bush/Cheney ao seu programa de enriquecimento de urânio, a despeito de Teerão ter repetidamente declarado que apenas pretende usar a energia atómica para fins civis. A intenção do governo Bush de permitir que os indianos reprocessem combustível nuclear de origem norte-americana é reveladora da duplicidade de critérios e da incoerência política e jurídica da atitude americana face ao Irão.
"A conclusão das negociações a respeito desse acordo marcam um grande passo rumo ao cumprimento da nossa promessa em estabelecer um programa de cooperação nuclear total com o sector civil conforme previsto pelo presidente George W. Bush, dos EUA, e pelo primeiro-ministro Manmohan Singh, da Índia", refere o comunicado conjunto, divulgado publicamente pela secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, e pelo ministro indiano Negócios Estrangeiros, Shri Pranab Mukherjee, e difundido por várias agências noticiosas a partir de Washington e Nova Deli.
A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) está obrigada a inspeccionar as instalações nucleares indianas. Para que o acordo entre em vigor é igualmente necessária a aprovação do Grupo de Fornecedores Nucleares, composto por 45 países, cuja maioria tem votado sempre ao lado dos EUA.
O Congresso americano, que obrigatoriamente deverá também aprovar o acordo, está dividido. Muitos congressistas (republicanos e democratas), bem como vários especialistas em questões nucleares, têm manifestado críticas ao que classificam como "perigosas concessões" do governo Bush à indústria atómica indiana.
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Fontes: Agências Noticiosas Internacionais