sexta-feira, julho 27, 2007

"The American Way: Business as Usual"

"Represento o melhor sistema econômico do mundo... Temos ensinado a todos os outros como devem trabalhar. Mas ficamos tranqüilos e muitas coisas já precisam de ser reparadas. Caso contrário, teremos problema a longo prazo. Mas fiquem sabendo, vamos acertar tudo".
Thomas (Tom) Donahue, presidente da American Chamber of Commerce (Câmara do Comércio dos EUA em Nova York), maior federação de empresas do mundo, com 300 mil sócios diretos e três milhões indiretos, associados a entidades semelhantes, e o seu presidente admite que "é o advogado do empreendedorismo norte-americano junto ao Congresso dos EUA, a Casa Branca, as autoridades reguladoras e os tribunais."
Atividade política
"Somos um organismo com atividade política", admite e que apoia "abertamente muito mais os candidatos republicanos que os democratas (para o Congresso), embora também apoiemos vários democratas. Nosso critério básico para o apoio é se o candidato apóia as empresas".
Quais as "coisas" que merecem correção imediata?
"A 'coisa' mais difícil é a infra-estrutura dos EUA. Temos um problema particular em nossa infra-estrutura", destaca Donahue. "Temos uma economia de 13 trilhões de dólares e em 10 anos vamos aumentá-la mais seis, sete ou oito trilhões de dólares. A infra-estrutura do país não resistirá", explica, referindo-se aos sistemas de controle de tráfego aéreo, geração de eletricidade, refinarias e pontes.
"Devemos nos concentrar nesta questão, que é muito difícil, porque o mundo vê os aviões e os caminhões passando, acende as luzes, liga o ar condicionado e há energia elétrica, liga o aquecedor e há gás natural. Assim, não se preocupa", continua, para advertir:
"Nossa economia não poderá crescer mais se não enfrentarmos este assunto".
Protecionismo não é solução
"Temos que achar como fazer a economia norte-americana mais competitiva e parar de acusar os outros pelas nossas deficiências", destaca Donahue, defensor do livre comércio. Ele não acredita que o comércio com a China constitua problema para os EUA, e seguramente não considera o protecionismo uma solução. A grande questão da manutenção de competitividade da economia norte-americana tem - para Donahue - dois aspectos: o primeiro é garantir o dinamismo humano e o talento por intermédio de imigração.
Ele complementa que "também é preciso muito trabalho no tema da educação, já que é muito bom para os bons alunos, mas deixa alunos e estudantes menos empenhados muito atrás".
"O segundo aspecto é a segurança energética no Século XXI. Em relação ao superaquecimento do planeta, Donahue diz que "já aconteceu no passado, em outros séculos, e não duvido que agora há alguma contribuição de fatores humanos". Mas imediatamente se contradiz:
"O problema deve ser enfrentado sem golpe contra a economia".
Processos e indenizações
"Existe unanimidade no mundo empresarial norte-americano sobre a questão da reforma do sistema judiciário. As empresas norte-americanas consideram estar sendo atingidas pela possibilidade de ações maciças de pedidos de indenização de cidadãos contra empresas que são condenadas por várias questões". "A Câmara estima que os custos processuais são mais do que o dobro, como percentual do Produto Interno Bruto (PIB), na comparação com países como França, Japão e Grã-Bretanha: 2,2% do PIB, ou US$ 260 bilhões, no ano de 2004", revelou Donahue.
Propriedade intelectual
"O crime comum - diz Donahue - custa 16 bilhões de dólares por ano, enquanto o custo do roubo de propriedade intelectual é de 250 bilhões por ano. Mas sou otimista, porque já houve grande progresso nos últimos cinco anos, na direção que a Câmara deseja e com a colaboração de alguns grandes países, como China, Rússia, Índia, Brasil, México e Coréia do Sul".
Remunerações e fraudes
Os aspectos ruins do capitalismo, como as fraudes nas bolsas de valores e as remunerações excessivamente altas dos executivos não parecem preocupar Donahue particularmente. Questionado a respeito, duvida que as remunerações de dezenas ou até de centenas de milhões de dólares que muitos CEOs recebem "são realmente excessivamente altas".
Ele justifica afirmando que eles (CEOs) criam grandes lucros para os acionistas. A propósito, criticou com veemência certo jornal norte-americano que "levantou" a questão das remunerações dos executivos. Em seguida, Donahue pediu que o nome do jornal fosse considerado como citado off the record.
Sobre as fraudes nas bolsas de valores, reconhece que "não podem existir outras Enron", mas acredita que o custo que recai sobre as empresas é excessivo.
Excertos de um artigo publicado no site brasileiro Monitor Mercantil

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