domingo, junho 10, 2007

Super-ricos e Super-hipócritas brincam com o fogo...

As 20 pessoas e/ou famílias mais ricas do mundo, segundo a lista dos bilionários mundiais, publicada em Março de 2007, pela revista norte americana Forbes em conjunto, são detentoras de uma fortuna acumulada de 536,9 mil milhões de dólares, o equivalente ao défice orçamental dos EUA em 2004...
Mais de metade desta riqueza está concentrada apenas nas mãos dos primeiros cinco da lista:

1.º ― Bill Gates, 52 anos, EUA, MICROSOFT (Software) = 56 000 000 000 (+ de 10%);
2.º ― Carlos Selim Helú, México, 67 anos, CARSO GLOBAL TELECOM (Telecomunicações) = 53 100 000 000;
3.º ― Warren Buffett, EUA, 76 anos, BERKSHIRE HATHAWAY (Holding com variadas participações accionistas mas com foco nuclear no sector dos Seguros ) = 52 000 000 000 (cerca de 10%);
4.º ― Ingvar Kamprad e Família, 80 anos, Suécia, IKEA (Hipermercados de decoração e produtos para o lar) = 33 000 000 000 ;
5.º ― Lakshmi Mittal
, Índia, 56 anos Arcelor Mittal (fileira siderúrgica) = 32 000 000 000.

Para termos uma ideia da injustiça clamorosa, e do desequilíbrio escandaloso entre umas centenas de super-ricos do mundo e os 6,6 mil milhões de habitantes do planeta basta constatar este facto: a contribuição norte-americana para o Fundo Global para o Combate à Sida, Tuberculose e Malária, em 2005, foi 1 000 (mil) vezes inferior - 540 milhões de dólares - à riqueza dos vinte magnatas listados pela revista FORBES. Este montante representava então 33,3% do orçamento do fundo.

Como curiosidade, refira-se que o director de políticas e estratégias do grupo entre 2003 e Abril de 2007, foi Randall Tobias, amigo pessoal do presidente George W. Bush, antigo presidente do conselho de administração da multinacional farmacêutica americana Eli Lilly (facturação, em 2006, USD 15,5 mil milhões). Enquanto ocupou o cargo, com o estatuto de secretário adjunto de Estado, reportou directamente à chefe da diplomacia americana, Condoleezza Rice, e defendeu ferozmente a “abstinência sexual” recusando financiar a oferta de preservativos aos países pobres alegando que “não está provada a sua eficácia na luta contra a sida.”

No dia 27 de Abril passado, demitiu-se do cargo por envolvimento num escândalo sexual. Tobias era cliente habitual de um serviço exclusivo de prostituição ao domicílio/hotéis, segundo uma explosiva reportagem transmitida na véspera pela cadeia estadunidense de televisão ABC News. O escabroso tema foi difundido posteriormente pelos media dos Estados Unidos, dos mais sérios aos mais sensacionalistas, e nem deixou de ser referido pelo vetusto International Herald Tribune.

Perante isto cabe perguntar: até quando vão as hipócritas elites que governam o mundo brincar com o fogo, cada vez mais ardente e sufocante, da miséria e da exclusão (social, financeira e moral)?
Esta realidade resulta directamente das suas políticas pirómanas, predadoras, criminosas! A exploração desenfreada de homens, mulheres e crianças que os governantes aliados dos super-ricos diariamente executam, em nome da Democracia, da Justiça Social e dos Direitos Humanos, são os verdadeiros instrumentos da nova escravatura resultante da concentração do dinheiro e da globalização da guerra.
Será que ainda alguém acredita que os poderosos têm alma e respeito pela dignidade humana?
Que são verdadeiros filantropos?
Que, sinceramente, são beneméritos da sociedade globalizada em que vivemos?