sábado, junho 30, 2007

Globalização Financeira: 2007 será ano recorde de fusões e aquisições

Esta é a era das fusões e aquisições: os números estão aí para o provar: nunca se falou tanto de negócios entre grandes empresas. Desde as bolsas aos grandes bancos, o fenómeno está a propagar-se a todos os sectores da economia. A luta pela compra do holandês ABN Amro pulverizou todos os recordes e tem como protagonistas dois bancos britânicos: o Royal Bank of Scotland e o Barclays.

René Proglio é presidente da filial francesa do banco de investimento Morgan Stanley e comentou, para a EuroNews, esta febre: "No universo das operações financeiras, houve um pico em 1999 e 2000. Em 2001 e 2002 houve uma queda brutal. Houve uma altura bastante calma e a partir de 2005 a actividade começou, outra vez, a aquecer. 2006 foi um ano histórico, em que foram atingidos os recordes de 2001 e tudo leva a crer que 2007 vai ser um ano claramente superior ao ano passado". Só na primeira metade deste ano, o valor das fusões e aquisições ultrapassou em 54% o do mesmo período ano passado.

Nos Estados Unidos, o valor total dos negócios feitos no semestre é de 785 mil milhões de euros, ou seja, mais cinco mil milhões que na Europa. Esta subida tem a ver com o crescimento dos fundos de investimento, como explica René Proglio: "O jogo dos fundos de investimento, ou private equity, que nasceram nos EStados Unidos, desenvolveu muito a economia americana. Isso alargou-se ao Reino Unido, à Europa Continental e está agora a alargar-se à Europa de Leste". Os fundos de investimento representavam, em 2001, 6% do total de fusões e aquisições no mundo. Em 2006, a percentagem foi de 25%.



Fonte: euronews

Citação: Uma ameaça para o suicídio?

“Ironicamente, é um lugar comum insistir que as teorias da guerra-sobrevivência afrontam o teste crucial do que é política e moralmente correcto ou aceitável. Seguramente ninguém pode sentir-se confortável com a afirmação de que uma estratégia que mataria milhões de cidadãos soviéticos, e que iria desencadear uma resposta estratégica da qual poderia resultar a morte de dezenas de milhões de cidadãos americanos, seria política e moralmente aceitável. Porém, valerá a pena trazer à colação os seis princípios para o uso da força, assentes na doutrina da “guerra justa”, defendida pela Igreja Católica.

  1. A força pode ser usada para defender uma causa justa;
  2. Com uma boa intenção;
  3. Com uma razoável possibilidade de sucesso;
  4. Na perspectiva de que, caso seja bem sucedida, o seu uso oferece um futuro melhor do que aquele que resultaria de não ter sido usada;
  5. Num grau proporcional aos objectivos desejados, ou para que seja combatido o mal;
  6. E com a determinação de poupar os não combatentes, quando existir uma possibilidade razoável de o fazer.


Estes princípios são uma mensagem para a política dos Estados Unidos. Especificamente, enquanto a ameaça nuclear faz parte do arsenal diplomático estadunidense e desde que a ameaça reflicta reais intenções operacionais, e não seja uma completa simulação ou mero fingimento. Os estrategistas militares dos EUA estão obrigados a ponderar o cenário provável de uma guerra nuclear.”


Colin S. Gray e Keith Payne
in “Under the Nuclear Gun (I) – VICTORY IS POSSIBLE”, 1980,
“Foreign Policy”, p.p. 16,17



P.S.: Keith Payne, até Junho de 2003, ocupou na administração Bush/Cheney o cargo de sub-secretário de estado da defesa, com os pelouros das forças armadas e das políticas correlativas. No seio do Pentágono, ele era o privilegiado paisano profundamente envolvido no estudo e planeamento estratégico de questões tão sensíveis como a dissuasão, ou o desenvolvimento e utilização do arsenal nuclear do país. Como se depreende da tese acima reproduzida, Payne é um burocrata do Complexo Militar-Industrial dos Estados Unidos da América que acredita piamente na eficácia do armamento nuclear e na possibilidade de o país vencer uma guerra com armas de destruição maciça... A sua passagem pelo Pentágono seguramente influenciou a actual politica de defesa estadunidense, cujos responsáveis não apenas admitem a possibilidade de um conflito nuclear como estão, freneticamente, a desenvolver novas armas atómicas e a expandir a infra-estrutura industrial que as produz.

UE/Defesa: Complexo Industrial-Militar europeu será lançado em 2008

A Comissão de Coordenação da Agência Europeia de Defesa (EDA) aprovou esta semana, em Bruxelas, um calendário para a elaboração de um Plano de Desenvolvimento de Recursos [Capability Development Plan (CDP)] cuja abrangência permita aos governos dos países membros da União Europeia identificarem as áreas estratégicas comuns tendentes à defesa militar conjunta contra futuras ameaças à sua segurança e ao estímulo de sinergias comunitárias nesta área.
O projecto deverá assegurar que as oportunidades tecnológicas emergentes influenciem a capacidade de desenvolvimento e o reforço de uma Base Industrial e Tecnológica de Defesa Europeia (EDTIB), que fornecerá às empresas a adequada informação sobre as suas futuras necessidades, focando e promovendo o investimento e as actividades de Investigação & Desenvolvimento.
Os quatro eixos de actuação do CPD, sob a direcção da EDA e da Comissão Militar da EU, são os seguintes: 1) identificação de défices/falhas face aos objectivos fixados; 2) Realização de estudos técnicos em áreas chave, como o desenvolvimento de sofisticados sistemas de lançamento e telecomando de mísseis); 3) criação de uma base de dados de programas e planos militares actualmente em curso; 4) acumulação de conhecimentos e experiências para o desenvolvimento de futuras competências militares.
Embora os governos já possam analisar uma primeira proposta em Julho, o plano, que deverá começar a ser oficialmente executado no início do próximo ano, enquadra-se no relatório da EDA “Visão de Longo Prazo”, divulgado no ano passado. O horizonte temporal do estudo prospectivo foi fixado para a segunda década do século XXI (2020 e anos seguintes).

Fonte: EDA

sexta-feira, junho 29, 2007

BRIC’s: EUA perdem domínio da indústria energética global. Seguros e Bens de Consumo estão na calha…

As quatro maiores economias emergentes – Brasil, Rússia, Índia e China – destronaram os Estados Unidos da posição dominante que detinha no mercado global da energia, de acordo com um estudo divulgado ontem, em Nova Iorque, pelo conglomerado financeiro estadunidense Goldman Sachs (GS).
Anthony Ling, gestor de topo do grupo GS, constatou ser evidente que o poder conjugado dos quatro países controla o mercado global dos metais e das indústria extractivas, começando a sentir-se uma tendência idêntica nas indústrias dos bens de consumo e dos serviços financeiros (seguros).
“Para qualquer companhia que opere à escala global, o mundo está a mudar de forma mais rápida, e mais provocadora do que nunca – verdadeiramente globalista” (…) “e o salto das economias BRIC” revela-se como uma das mudanças mais significativas, disse o financeiro.
Em 1991, a seguir à 1.ª Guerra do Golfo, 100% das vinte maiores indústrias do sector energético, em termos de capitalização bolsista, eram americanas (55%) ou europeias (45%).
Em 2007, muito mudou, com os BRIC’s a abocanharem 35% dessa fatia, igualando os europeus (35%) e relegando a superpotência energética e militar – os EUA – para o terceiro lugar. Na indústria extractiva a tendência é idêntica, revelou Ling, ao garantir que um quinto das 20 maiores companhias mundiais do sector é oriundo dos quatro tigres económicos e industriais do século XXI. “A produção de energia mudou”, acrescentou.
A Goldman Sachs analisou cerca de 170 novos projectos nos cinco continentes, cada um deles com produções superiores a 500 000 barris de petróleo bruto (crude) por dia. “Estes são os activos herdados que irão comandar a produção no futuro”, destacou Anthony Ling.
Setenta porcento (70%) destes novos recursos são gerados por países que não integram a OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico – onde se agrupam 30 países, entre os quais os mais desenvolvidos do mundo.
“Na realidade parece que a atitude das petrolíferas dos países europeus e dos BRIC foi muito diferente da abordagem, mais tradicional, dos principais actores integrados no bloco anglo-americano, revelando-se muito menos colonialistas e mais integradores e cooperantes, trabalhando verdadeiramente na procura de soluções de uma forma que agora se revela ter ultrapassado as estratégias dos seus concorrentes tradicionais”, enfatizou Ling.
Simultaneamente, fez um reparo curioso. Actualmente é muito difícil encontrar no mercado americano um engenheiro especializado em petróleo e indústrias correlativas. Porém, no Médio Oriente, Índia, China e Rússia, segundo Ling, “ser um engenheiro de petróleos é uma profissão mais desejada do que qualquer outra, como nas áreas da tecnologia ou no sector financeiro”.
“Penso que tudo isto conjugado provocou uma tremenda mudança na dispersão da capitalização bolsista na indústria da energia. Tudo aconteceu em apenas 15 anos, e está agora numa fase de aceleração”, concluiu o quadro superior da Goldman Sachs.

terça-feira, junho 26, 2007

Resposta a um Amigo (Parte I): Biocombustíveis

Estimado Amigo e “compagnon de route” Toupeira,

As suas reflexões e comentários sobre as oncológicas maleitas, e correlativas premonições distópicas, da sociedade em que vivemos – onde o poder financeiro, global e totalitário, se sobrepõe a todos os outros – são tão variadas e complexas que o meu magro saber não chega para me aventurar a dar-lhe respostas seguras e, menos ainda, definitivas.
Porém, espicaçaram a minha curiosidade em procurar, por aqui e mais além, opiniões, notícias e soundbites, na lógica hegeliana da informação – desinformação – contra-informação sobre os pertinentes temas sugeridos.
Algumas das suas preocupações estão vertidas nos textos que seleccionei, dos meus arquivos pessoais e de outras fontes disponíveis na net, e prometo voltar ao assunto, com mais informação, dados e resultados de estudos científicos independentes do complexo industrial-militar-científico-universitário, especialista em criar problemas para vender soluções, a preços obviamente proibitivos…

1. Combustíveis verdes: oportunidades e ameaças

Lisboa, 2007-03-03



O jornal Público de 2 de Março publica um excelente artigo da autoria de Ana Fernandes sobre a problemática dos biocombustíveis.
Enquanto a produção de álcool para energia e de óleo vegetal como biodiesel se mantiveram como fenómenos relativamente localizados, os seus inconvenientes não se tornaram muito evidentes, mas tudo mudou de figura quando estes começaram a ganhar um peso significativo nas economias energéticas.
Em primeiro lugar, surge a questão da eficiência energética e o balanço final de emissões de CO2 dos biocombustíveis, sobre os quais algumas das análises não são muito optimistas.
Em segundo lugar, surge o problema da desflorestação, em particular, e da destruição da natureza, em geral, provocados pelas novas necessidades agrícolas.
Em terceiro lugar surge o impacto nos preços agrícolas, que poderá ser positivo para alguns agricultores, mas negativo para os consumidores. Deste ponto de vista, algumas das consequências mais negativas já estão a fazer sentir-se na agro-pecuária açoriana, com um considerável aumento dos preços das matérias-primas para as rações animais, e é provável que esses efeitos se acentuem no futuro.
Convém a este último propósito lembrar, no entanto, que o aumento da procura de cereais, de oleaginosas e de beterraba levará naturalmente a diminuir o espaço disponível para pastagem e terá, desse ponto de vista, um efeito positivo nos preços dos produtos pecuários.
Estou de resto convencido que o efeito global dos biocombustíveis na competitividade da pecuária açoriana será positivo.
De facto, a utilização de cereais para combustíveis é uma revolução equivalente à que foi a da utilização de cereais para a alimentação animal. Até há um século atrás, ninguém pensaria que a produção cerealífera poderia deixar de ser a “base do pão” e passar a ser a “base da ração”, mas foi precisamente isso o que aconteceu.
Durante todo esse período, a generalidade dos observadores era também da opinião de que se tratava de uma situação insustentável, do ponto de vista ambiental, do ponto de vista da sustentabilidade e do ponto de vista da racionalidade, dado que uma proteína de um bife de vaca pode requerer vinte proteínas vegetais a ser produzida.
Apesar de todos os problemas levantados pelo nosso modelo de consumo, o que é facto é que ele não só continua a progredir como também a expandir-se pelo mundo inteiro, nomeadamente na China.
A produção dos biocombustíveis a partir de dejectos ou sobras vegetais parece ser uma possibilidade bastante mais atraente e que poderá ter resultados mais positivos nos equilíbrios ambientais do nosso planeta.
Em qualquer circunstância, parece-me claro que os biocombustíveis vieram para ficar e que a sua importância vai aumentar nos próximos tempos, agudizando todas as questões que já anteriormente nos preocupavam em matéria ambiental e de sustentabilidade.
Do ponto de vista das alternativas ao petróleo, penso que se trata de um instrumento que não poderá deixar de ser equacionado nos dias de hoje mas que, em qualquer caso, não deverá ser pensado como a sua principal alternativa.
As energias renováveis baseadas directamente no Sol, em outros elementos atmosféricos ou na geotermia continuam a ser aquelas que me parecem ter maior potencial e onde devem ser empregues a maior parte dos nossos esforços.


2. ONU afirma que biocombustíveis podem agravar fome

10 de maio de 2007




O relatório da ONU (Organização das Nações Unidas) divulgado nessa quarta-feira pode ser considerado um sinal amarelo para a política internacional de expansão do mercado de biocombustíveis. Se for mal implementada, a tecnologia que promete ao mesmo tempo combater o efeito estufa e liberar o mundo do petróleo acabaria causando fome e destruição de habitats.
"Os biocombustíveis líquidos podem ameaçar a disponibilidade de suprimentos de comida adequados ao desviar terra e outros recursos de produção das plantações para alimento", diz o relatório. "Muitas plantações hoje usadas como fonte de biocombustível requerem terra agricultável de alta qualidade uso significativo de fertilizantes, pesticidas e água."
O documento de 64 páginas, porém, reconhece que "sistemas de bioenergia modernos bem projetados podem de fato aumentar a produção local de comida". Se o combustível ficar significativamente mais barato, a cadeia de produção e distribuição de alimentos também pode baratear o produto final.
"Mas esse não é o caso no momento", diz Luiz Pinguelli Rosa, secretário-executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas. Segundo o pesquisador da UFRJ, muitas das preocupações manifestadas no documento já são "discussão vencida" no caso do álcool de cana brasileiro."Aqui não há falta de alimento, há falta de dinheiro para as pessoas comprarem alimento", diz.
Em alguns momentos, porém, o relatório faz eco às declarações do ditador cubano Fidel Castro de que os biocombustíveis podem aumentar a fome no mundo. "Adotar essa idéia para China e Índia, países superpopulosos onde não há tanta disponibilidade de terra, seria mais complicado", diz Pinguelli.
Segundo o último relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática), os biocombustíveis podem ocupar até 10% da matriz do setor de transportes em 2030. O relatório não detalha quais plantas são mais adequadas para expandir a produção global de biocombustível, fazendo apenas algumas ressalvas. "Dependendo do tipo de plantação, do que ela está substituindo e dos métodos de cultivo e colheita, os biocombustíveis podem ter aspectos positivos ou negativos no uso da terra, na qualidade da água e do solo e na biodiversidade".DesmatamentoNa opinião do cientista brasileiro, uma preocupação mais palpável é a de os biocombustíveis fazerem a fronteira agrícola avançar à custa da derrubada de florestas.
O relatório da ONU, porém, lança mais críticas aos países asiáticos do que ao Brasil quando o assunto é desmatamento. Chega mesmo a elogiar o estabelecimento de 20% de reserva legal de mata em plantações de cana-de-açúcar em São Paulo.
"O que aconteceu, na verdade, é que o café já tinha feito o serviço do desmatamento antes da cana", diz Pinguelli. "Se a cana precisasse desmatar, ela teria desmatado", diz.


3. Especialista da ONU acredita que biocombustíveis podem aumentar produção de alimentos

Nova York, 05/06/2007, Reuters – 19h18 – Os biocombustíveis não deveriam ser vistos como uma ameaça às camadas mais pobres da população e podem ajudar a aumentar a produção de alimentos, afirmou nesta terça-feira (5) um especialista das Nações Unidas.
Temores com as mudanças climáticas incentivaram a demanda por combustíveis alternativos na Europa e na América do Norte, mas o investimento nos biocombustíveis é criticado por pessoas que avaliam que esse tipo de energia não é realmente ecológica e que acabará por desviar terras atualmente usadas na produção de comida.
No entanto, o encarregado da política energética da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), Gustavo Best, disse que o biocombustível está sendo mal avaliado e que, ao invés de ser uma ameaça para os pobres, pode estimular a produção de alimentos e aumentar a riqueza.
"Essa é provavelmente a melhor oportunidade, desde a ''revolução verde'', para trazer novos ares de desenvolvimento para as zonas rurais", afirma Best.
Com o termo "revolução verde", o especialista referia-se ao aumento da produção de alimentos nos países em desenvolvimento, decorrente em parte das novas tecnologias agrícolas adotadas nos anos 60.
"Se bem administrada, a produção de bioenergia pode desenvolver novas áreas... gerando novos investimentos, empregos e infra-estrutura que beneficiariam também o setor alimentício", disse Best na segunda-feira.
Esse é um "se" importante. A FAO já fez um alerta quanto ao risco do aumento da produção de biocombustíveis para os 854 milhões de pessoas do mundo todo que passam fome.
"A produção de biocombustíveis pode prejudicar a disponibilidade de suprimentos adequados de comida ao desviar terras e outros recursos para longe das plantações", havia alertado o organismo em estudo divulgado no mês passado.

Carbono


Os biocombustíveis estão em voga nesta década em grande parte devido às evidências de que as emissões de gás carbônico produzido na queima de combustíveis fósseis -- como petróleo, gás natural e carvão -- provocam o aquecimento global.
Já que plantas como a cana-de-açúcar, milho, colza e palma -- matérias-primas do biocombustível-- absorvem gás carbônico enquanto crescem, o impacto delas sobre o clima é considerado menor do que o provocado pelos combustíveis tradicionais.
Segundo especialistas, se o petróleo bruto for vendido a mais de 40 dólares o barril, o biocombustível pode ser uma alternativa viável. Em janeiro de 2005, foi a última vez em que o petróleo ficou abaixo desse patamar.
A demanda por biocombustíveis pode representar uma grande oportunidade para que muitas áreas tropicais, incluindo grandes trechos da África, produzam cana-de-açúcar e sorgo a fim de fabricar etanol, disse Best.
"Um dado que todo mundo precisa ter em mente é que os biocombustíveis nunca vão substituir totalmente a gasolina ou o óleo diesel", afirmou o especialista da FAO. "Essa não é uma solução mágica capaz de substituir o petróleo."
Best disse ainda não haver provas de que a produção de biocombustíveis tivesse reduzido a oferta de alimentos nos países pobres, mas admitiu que esse é um risco em potencial.


4. Biocombustível será obrigatório na Espanha a partir de 2009

Madri, 12:27 11/6/2007, Reuters - O uso de uma proporção, ainda que pequena, de combustíveis de origem vegetal em todos os combustíveis para transportes será obrigatório na Espanha a partir de 2009, devido a uma nova lei energética a ser aprovada nesta semana pelo Parlamento.
A Comissão Européia estabeleceu como meta que 5,75% do combustível na União Européia (UE) seja de origem vegetal a partir de 2010, mas a forma como cada Estado-membro adotará regras próprias.
A Espanha deve aprovar o uso compulsório do biocombustível numa proporção de 3,4% em 2009, subindo para os 5,75% em 2010, segundo o texto final do projeto, divulgado no site do Senado. Para 2008, o nível previsto é de 1,9%, mas apenas em caráter indicativo, e não compulsório.
Governos de todo o mundo incentivam os biocombustíveis como forma de reduzir as emissões de carbono dos combustíveis fósseis, um dos maiores responsáveis pelo aquecimento global. Outro objetivo é reduzir a dependência em relação aos países exportadores de petróleo.
As metas espanholas constam de uma emenda a uma lei dos hidrocarbonetos que há meses tramita no Parlamento e deve ser votada na quinta-feira, segundo uma porta-voz parlamentar.
A esta altura, os deputados não podem mais mudar a lei básica, mas podem alterar as emendas, de modo que as metas ainda podem ser alteradas. Tal qual está, a emenda dá ao governo a autoridade de elevar as metas mínimas de uso do biocombustível.
A lei, que também adapta o resto do setor de gás e petróleo às regras da UE, recebeu a emenda por pressão de produtores de biocombustível, como Abengoa, Acciona e Sniace.
A Abengoa, líder do setor, chegou a fechar uma das suas três fábricas por falta de demanda no mercado espanhol e por dificuldades na exportação. No ano passado, os biocombustíveis responderam por apenas 0,53% do total dos combustíveis de transportes no país.
Em 2006, as quatro usinas de bioetanol e as 12 de biodiesel produziram 446 mil toneladas de combustível, enquanto o consumo doméstico foi apenas de 242 mil toneladas.
Há dezenas de novas usinas sendo construídas ou projetadas. A Appa (entidade de promoção da energia renovável) queria uma mistura obrigatória de 4,25% de biocombustível a partir de 2008, para incentivar o mercado.


5. A OPEP do gás sul-americano

18-04-2007

http://www.oglobo.com.br/

No último dia da Cúpula Energética Sul-Americana, 17 de abril, 2007 em Porlamar, na Venezuela, Lula desmentiu que irá participar do projeto de Morales, Hugo Chávez e Nestor Kirchner conhecido por “Opep do Gás”, alegando que a questão ainda não foi discutida. Além disso, o presidente brasileiro conversou com Evo Morales sobre possíveis invasões militares aos campos operados pela Petrobrás nesse país.
Outra alegação de Lula foi que ainda não decidiu sobre aderir ao Banco do Sul, outro projeto de Chávez e Kirchner. O presidente brasileiro afirmou que ainda precisam ser definidos para quê o banco deverá ser criado e qual será sua finalidade para que assim o Brasil possa discutir sua possível adesão ao mesmo.
O documento final da Cúpula, a “Declaração Margarida”, só foi divulgado no início da noite de ontem por causa das discordâncias sobre o etanol. O documento aponta que é importante garantir que nenhuma matirz energética prejudique a produção alimentar, não fazendo, assim, uma ligação direta com o etanol. O Brasil, pó sua vez, conseguiu que fossem incluídas cláusulas sobre a importância das energias renováveis e o reconhecimento do potencial dos biocombustíveis.
O impasse quanto à questão do etanol só foi resolvido após a realização de uma reunião entre Lula e Chávez. Após esse encontro, Chávez declarou que voltará a importar etanol brasileiro, aproximadamente 200 mil barris diários.
Por último, a Cúpula decidiu sobre a criação do Conselho Energético Sul-americano, a mudança do nome da Comunidade Sul-americana das Nações para União Sul-americana das Nações (Unasul) e a criação de uma Secretaria Permanente da América do Sul para discussão dos problemas energéticos.


6. Itália manifesta interesse em intercâmbio tecnológico com a Petrobras

30/03/2006
O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli de Azevedo recebeu a visita do ministro de Atividades Produtivas da Itália, Cláudio Scajola, que manifestou o interesse em intercâmbio tecnológico nas áreas de exploração e produção em águas profundas, rede de gasodutos, petroquímica básica, refino e biocombustíveis.
O ministro ressaltou o grande interesse do seu país na experiência de 30 anos da Petrobras no desenvolvimento do etanol como combustível, desde o início do Programa Nacional do Álcool. O ministro Scajola convidou a Petrobras a enviar uma missão técnica à Itália para avaliação das formas de colaboração entre a Petrobras e empresas correlatas italiana.
A Petrobras já havia firmado parceria exploratória com a empresa italiana ENI e, recentemente, adquiriu a parte da AGIP no Brasil, controlada pela ENI. Gabrielli informou que a expansão internacional da Petrobras abre oportunidades de associações com empresas de diversos países, inclusive da Itá¡lia.
O presidente da estatal ressaltou que o plano de Negócios da Petrobras prevê investimentos de US$ 56,4 bilhões, dos quais 85% no Brasil. Segundo ele, o plano abrirá espaço para participação de empresas especializadas, inclusive italianas, do setor de construção e montagem que desejarem se instalar no Brasil para prestar serviços e produzir aqui os equipamentos necessários para manter a autosuficiência em petróleo.


7. Álcool e Biodiesel: Petrobras investe R$ 808,4 milhões em 2007

Rio, 12/06/2007 - A Petrobras estima investimentos de R$ 808,4 milhões em projetos de álcool e biodiesel neste ano. A empresa quer garantir a exportação de 3,5 bilhões de litros de álcool em 2011, além de disponibilizar no mercado 855 mil metros cúbicos de biodiesel.
O diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, afirmou que para incrementar a exportação de álcool a Petrobras estuda um novo alcoolduto de Paraná e o porto de Paranaguá. Além disso, a empresa vai trabalhar com um selo de qualidade como forma de tentar impedir a contratação de fornecedores com mão-de-obra irregular.
Segundo Barbassa, a padronização e o estabelecimento de um preço são passos fundamentais para se aumentar a exportação do combustível em escalas maiores.
"O processo de exportação é lento e por isso estamos prevendo 3,5 bilhões de litros em 2011. Um dos itens mais complexos para modelagem do negócio é determinar a fórmula do preço do álcool no longo prazo", disse.
A empresa projeta ainda chegar a 2011 com o processamento de 425 mil metros cúbicos ao ano de H-Bio e com uma capacidade de produção termelétrica de 4.554 MW.
Em 2006, a empresa investiu R$ 1,4 bilhão em projetos relacionados ao meio ambiente. No ano anterior, ela havia liberado R$ 1,268 bilhão.
Barbassa também informou que a Petrobras negocia com produtores de álcool a criação de uma banda para os preços do combustível, a fim de garantir o fornecimento de longo prazo a compradores internacionais.
Segundo ele, a idéia é criar um piso e um teto para o preço do álcool para garantir a remuneração do produtor e o fornecimento ao país importador.
"Uma coisa é você vender uma carga de álcool, outra coisa é vender por 10 ou 15 anos. Um dos ítens mais complexos para modelagem do negócio é determinar uma forma de preço para vigorar no longo prazo sem prejudicar o produtor e o comprador", disse o diretor.
Ele informou que o Japão pretende firmar com a Petrobras um contrato de longo prazo para compra de álcool. "O Japão gostaria de um compromisso de longo prazo. Muitos produtores no Brasil também gostariam de ter...tem que ter uma proteção mínima de ganho para ele (produtor), você vai ter certamente uma faixa de flutuação com piso e teto para o álcool", explicou, lembrando que a fórmula ainda está em fase de discussão.

Selo de Qualidade

A Petrobras pretende também criar um selo de qualidade para o álcool brasileiro vendido no exterior, o que vai garantir que os fornecedores do combustível estão de acordo com as leis trabalhistas.
"Estamos considerando a possibilidade de termos uma pequena participação na fase de usina e agricultura, para garantir a qualidade do produto...a Petrobras não pode se descuidar do seu papel social, o álcool que vamos comercializar terá um selo de qualidade", disse o executivo.
Ele admitiu que a Petrobras comprou álcool de uma empresa recentemente multada pelo Ministério do Trabalho, por violação das leis trabalhistas, mas que essa empresa já foi devidamente descredenciada dos quadros da estatal após a autuação.


7. A quem compete a regulação e a fiscalização do setor de produção de etanol?

Daniel Braga Frederico
daniel@andradebraga.com.br

Introdução histórica e identificação dos problemas da falta de um marco regulatório claro para o desenvolvimento pleno do etanol brasileiro.


Junho, 2007 - Hoje, após alguns equívocos cometidos anos atrás (décadas de 1970 a 1990), de ordem política e econômica, o etanol ressurge como a fonte de combustível mais promissora e capaz de substituir as fontes de matéria-prima fóssil (petróleo e derivados) na matriz energética mundial.
Paralelamente a isso há também os recorrentes problemas atinentes aos preços do petróleo e seus derivados, em linha ascendente, sem contar a instabilidade política dos países grandes produtores (instabilidade essa que resulta exatamente do fato de serem ricos no "ouro negro").
A melhor alternativa para essa verdadeira crise energético-ambiental e econômica que se atravessa; sob o prisma econômico e ecológico, que são os que mais contam, é a substituição imediata das matérias-primas fósseis pelas renováveis, provenientes da biomassa, ou seja, os biocombustíveis.
Segundo diversos analistas o Brasil tem todas as condições necessárias para tornar-se uma Arábia Saudita dos biocombustíveis (especialmente do álcool). Os sauditas faturam US$ 154 bilhões por ano com a produção e venda do petróleo. O Brasil, ninguém deve duvidar, tem capacidade para ir além, pois dominamos a tecnologia, da agricultura aos veículos automotores (existem até aviões que já voam com álcool combustível), da principal energia alternativa das próximas décadas, talvez, séculos.
Porém, ao redor do planeta surgem dúvidas e disputas em torno dessa perspectiva de aumento da produção de biocombustíveis, tais como o receio de eventual redução de áreas florestais, o aumento dos preços ou carência dos alimentos, má distribuição da terra, etc.
Todas essas dúvidas acerca dos biocombustíveis, no Brasil e quiçá no mundo, resultam, dentre outras coisas, da falta de parâmetros regulatórios claros e seguros, que sejam capazes de nortear e garantir, se possível, a expansão do abastecimento mundial, sem descuidar da proteção do Meio Ambiente e dos demais interesses coletivos, como a produção de alimentos, a justa divisão da terra, etc. Segundo a maioria dos empresários nacionais, estrangeiros e especialistas, esse marco regulatório se afigura fundamental para o bom resultado dessa empreitada.Se num mercado regulado, como já é o dos combustíveis derivados de petróleo, por exemplo, remanescem problemas no mercado interno, tais como, adulteração, sonegação fiscal, cartelização, outras praticas anti-concorrenciais, e etc., o que dizer de um mercado desregulado, como o do etanol? Sendo assim, existe, como consubstanciado, demanda por intervenção regulatória e fiscalizatória estatal urgente.
Não obstante a falta de regulação, a Constituição brasileira autoriza a fixação de limites a que a livre concorrência deve se sujeitar, sendo um dos motivos inclusive que inspiraram a criação das chamadas agências reguladoras de diversas atividades econômicas.
Todavia, a ANP já existe desde 1998 com o fito de regular o mercado nacional de abastecimento de combustíveis, ante a importância estratégica desse setor econômico, reconhecido inclusive, como de utilidade pública, nos termos da Lei 9.847/99, art. 1°. Dentre entre as funções da autarquia, cumpre-lhe, nos termos do art. 8º, XV, de sua lei de criação (Lei 9.478/97), "regular e autorizar as atividades relacionadas com o abastecimento nacional de combustíveis, fiscalizando-as diretamente ou mediante convênios com outros órgãos da União, Estados, Distrito Federal ou Municípios", restando saber se essa competência foi outorgada também para regular e fiscalizar a cadeia produtiva do etanol. Para isso é fundamental a análise das alterações legislativas decorrentes do novo marco legal dos biocombustíveis, de 2004.
Alterações no marco legal e a outorga de competência para o agente regulador e fiscalizador da indústria dos biocombustíveis e conseqüentemente do etanol
Ao influxo das demandas decorrentes da assinatura do Protocolo de Quioto para diminuição da emissão dos gases do efeito estufa, foi editada a Medida Provisória n.° 214/2004, convertida posteriormente na Lei n.° 11.097/2005, em 13 de janeiro de 2005 (Lei dos Biocombustíveis). Essa lei, além de introduzir o biodiesel na matriz energética nacional, teve por objetivo, também, incrementar, em bases econômicas, sociais e ambientais, a participação de todos os biocombustíveis (inclusive, é claro, o álcool) nessa matriz energética.
Fica claro pela interpretação da referida lei, que o biodiesel tanto quanto o etanol, são espécies de combustíveis, do gênero dos biocombustíveis -combustível derivado de biomassa renovável para uso em motores de combustão interna.
Por esta forma, a novel matriz legal deixa a questão clara, a mais não poder (vide arts. 7° e 8°, da referida lei n.° 9.478/97, após as alterações promovidas pela Lei n.° 11.097/2005), sobre a outorga de competência à ANP para regular a indústria do etanol, e, é claro, como atividade corolária, fiscalizá-la também.
Existem expedientes previstos na lei, consistentes nas Consultas e Audiências públicas essenciais para o estabelecimento dos expedientes regulatórios dirigidos para qualquer setor sob a regulação da ANP, e, tais expedientes de participação afiguram-se salutares, posto que, com as sugestões dos empresários e especialistas do setor é que a agência poderá ser capaz de definir tecnicamente o que é necessário para fazer cumprir os anseios do Protocolo de Quioto, dos mercados internacionais e, quiçá, ao fim e ao cabo, do Meio Ambiente terrestre.
Destarte, as medidas a serem adotadas desde logo pela ANP devem consistir na fiscalização da produção do etanol, de acordo com o que está estabelecido nas leis em vigor; e, se possível simultaneamente, promover as Consultas e Audiências Públicas, dando início à elaboração do arcabouço regulatório de que carece o setor.
Esse arcabouço regulatório sói assegurar o incremento das políticas nacionais para o aproveitamento racional das fontes de energia, preservar o interesse nacional, promover o desenvolvimento, ampliar o mercado de trabalho, valorizar os recursos energéticos, proteger os interesses do consumidor quanto a preço, qualidade e oferta dos produtos, proteger o meio ambiente, promover a conservação de energia, utilizar fontes alternativas de energia, mediante o aproveitamento econômico dos insumos disponíveis e das tecnologias aplicáveis, promover a livre concorrência e atrair investimentos na produção de energia (Princípios e Objetivos da Política Energética Nacional, contidos no Capítulo I da Lei n.º 9.478/97). Tudo isso para que, finalmente, o Brasil possa galgar na história energético-econômica mundial, a posição que a natureza já fez questão de nos assegurar.

1 O Brasil apresenta as melhores condições naturais (luz, solo, área geográfica disponível) para o crescimento dos biocombustíveis, notadamente o álcool, resultando na melhor relação custo-benefício para a produção, em relação ao mundo inteiro, no país para cada 100 litros produzidos são necessários 14,48 euros de investimento, enquanto, nos Estados Unidos da América, por exemplo, essa relação é de 24,48 euros por 100 litros e 52,37 euros por 100 litros na Alemanha. 2 Cerca de 20% da frota nacional roda com álcool (3 milhões de veículos), o que tende a aumentar, uma vez que 80% dos veículos novos estão saindo das fábricas adaptados para, dentre outros combustíveis, o etanol; por fim, somado ao que vai adicionado à gasolina, 40% do combustível dos carros nacionais é álcool carburante (Fonte de consulta: Revista Época, 4 de junho de 2007, p.88).

Dados do Autor

*Advogado, Pós-Graduado em Gestão nos Negócios de Petróleo e Gás pelo Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás – IBP, militante no setor de petróleo, gás natural, biocombustíveis e fontes energéticas renováveis, sócio do escritório Andrade & Braga Advogados.

8. Bush e Lula fecham grandes negócios

Por Hector Benoit, Março 2007

Sao Paulo: O presidente dos EUA, George Bush, visita o Brasil nos próximos dias 08 e 09 de março. Chega às 19:30 encontrando-se com Lula no dia 09 pela manhã, quando ambos visitam o terminal da Transpetro, em Guarulhos, município de São Paulo. Não por acaso, ocorrerá esse “passeio turístico” pela Transpetro: a empresa é a maior armadora da América Latina e a principal centralizadora de logística e transporte do Brasil na área de combustíveis, tema central da agenda de Bush com Lula nesta viajem. Braço da Petrobrás, a Transpetro atende às atividades de transporte e armazenagem de petróleo e derivados, álcool e gás natural, operando uma frota de 51 navios, 10 mil quilômetros de malha dutoviária e 44 terminais terrestres e aquaviários.
A visita de Bush, que será retribuída por Lula ainda em fim de março, provavelmente, vai selar um gigantesco plano de expansão na produção mundial do etanol, a partir da cana-de-açúcar, tecnologia dominada amplamente pelo Brasil. A visita de Bush, assim, pode ser o começo de uma verdadeira revolução na área da produção de biocombustíveis. Como se sabe, a produção de biocombustíveis vem sendo desenvolvida, há algum tempo, em diversos países, a partir de várias matérias primas, desde madeiras, gorduras animais, soja, milho e outras matérias alternativas.
A estratégia da produção de biocombustíveis tornou-se uma necessidade urgente diante dos estoques limitados que restam de petróleo nas diversas áreas do mundo. Alguns especialistas mais pessimistas acreditam que as reservas de petróleo, caso for mantido o consumo atual, seriam suficientes apenas para mais algumas décadas. Além desses limites de ordem natural, enfrentam-se sérios problemas geopolíticos: países como a Venezuela, o Iraque e o Irã são alguns dos detentores das maiores reservas restantes de petróleo e, evidentemente, pretendem usufruir politicamente e economicamente de suas riquezas, causando grandes problemas para as grandes potências capitalistas, maiores consumidoras de energia.
Nos EUA, por exemplo, alternativas na área do biocombustível já vêm sendo desenvolvidas há algum tempo. Em Iowa, pequena localidade situada no centro dos EUA, desenvolve-se biocombustível a partir do milho. Hoje a produção do etanol na região já corresponde a um PIB aproximado de US$ 8 bilhões, e cerca de 30 novas usinas devem começar a sua produção nos próximos 12 meses. Mas, tudo isso é muito pouco diante do plano que Bush e Lula pretendem começar a implementar nesta semana.
O projeto visa a transformação do álcool em um combustível que venha a se tornar uma “commodity” internacional, ou seja, uma matéria prima comercializada em larga escala no mercado mundial. Claro que nesse processo há o envolvimento de amplos setores do grande capital internacional. Bush e Lula são apenas duas marionetes de um jogo gigantesco do capital internacional.
Entre os grandes jogadores mundiais, destaca-se Vinod Khosla, empresário indiano-americano, inicialmente conhecido pela suas atividades na Sun Microsystems. Hoje, Vinod surge como um dos articuladores principais da produção de biocombustíveis a escala mundial. No caso desse acordo que começa a ser implementado entre o Brasil e os EUA, o empresário mostra-se muito otimista. Segundo Khosla, “a tecnologia americana, a visibilidade, a adoção de padrões de etanol e recursos financeiros vão ajudar o Brasil em uma commodity que vai movimentar mais de 1 trilhão de dólares nos próximos 25 a 30 anos”.
Um dos outros envolvidos no processo é o empresário e ex-ministro da agricultura de Lula, Roberto Rodrigues. Assumindo ares de teórico e filósofo, afirma Rodrigues que “enquanto o século passado fora marcado pela segurança alimentar, a bioenergia será o paradigma do desenvolvimento deste século”. Na verdade, porém, parece que a questão não é tão simples. Ao contrário, segundo especialistas, pode mesmo ocorrer justamente o contrário: a grande preocupação capitalista hoje demonstrada na produção do bioenergia pode aprofundar todos os problemas ainda não resolvidos de segurança alimentar.
Mas, compreende-se melhor a “filosofia” do empresário Roberto Rodrigues, quando recordamos que além de grande produtor agrícola, além de ex-ministro da agricultura de Lula, o senhor Rodrigues é membro de um grupo internacional intitulado “Comissão Hemisférica de Bioenergia”, cujo objetivo é usar a iniciativa privada, junto com recursos públicos, num projeto de produção e comércio mundial de energia renovável. Curiosamente, um dos criadores de tal comissão Hemisférica, por uma incrível coincidência, é justamente o ex-governador da Flórida, Jeb Bush, que também, por incrível coincidência, é irmão do presidente americano George Bush. Como se vê os bons negócios em bioenergia são realizados mesclando-se, sem grandes escrúpulos, os interesses estatais e familiares
O desenvolvimento dos projetos de biocombustível é apresentado, pelos empresários e políticos envolvidos, como uma grande solução para os problemas ecológicos causados pelo consumo poluidor de petróleo. No entanto, como também já advertem especialistas, os milhões e milhões de hectares que serão usados para os fins da produção de biocombustível devastarão mais ainda imensas áreas rurais, agravando mais ainda a destruição ecológica do planeta.
Além disso, como dissemos acima, com quase certeza, a produção massiva de biocombustíveis encarecerá os produtos alimentares e aumentará a fome e miséria no planeta. Só no caso do Brasil, calcula-se que mais de 20 milhões de hectares serão usados para plantar cana-de-açúcar. Ora, certamente, isso afetará o preço do milho, da soja, e de outros alimentos que dependem de áreas para cultivo, assim como, aumentará o custo das rações animais, provocando alta no custo de diversos tipos de carne animal.
Aliás, este fenômeno já vem ocorrendo nos EUA, que ao produzir etanol através do milho, causou o encarecimento das rações de animais e do próprio milho utilizado para a alimentação de seres humanos. Recentemente, como se sabe, a tradicional “tortilla”, alimento básico dos mexicanos produzida à base de milho sofreu aumento significativo que causou diversos protestos da sofrida população trabalhadora mexicana. Também recentemente, o célebre “Ketchup”, que é adoçado com xarope à base de milho, viu-se ameaçado pela utilização desse produto como matéria de biocombustível, e estudava-se a produção de um xarope adocicado à base de cana-de-açúcar para criar o novo modelo de “Ketchup” pós-bioenergia.
Como se vê, certamente, esse gigantesco plano que Bush e Lula pretendem selar esta semana em torno do álcool, transformando o etanol em commodity, terá conseqüências péssimas nos preços de diversos alimentos básicos da população trabalhadora do mundo inteiro, assim como conseqüências ambientais ainda não claramente calculáveis.
Para que se tenha uma idéia da dimensão do plano, se tudo der certo, somente o Brasil deve criar em média uma usina de álcool e açúcar por mês nos próximos seis anos. Conforme o jornal o Estado de São Paulo, as 336 usinas existentes atualmente devem chegar a 409 usinas até 2012/2013. Graças à tecnologia brasileira de produção de etanol, que inclui, sem dúvida, a super-exploração dos trabalhadores rurais, o Brasil produz o barril de etanol a US$ 25, enquanto que nos EUA, o barril de etanol sai por US$ 55 dólares. Outro dado importante: o Brasil produz 6.000 litros de etanol por hectare e os EUA apenas 3.500 litros por hectare.
Como se vê, a aliança Bush-Lula para o progresso do etanol à base de cana-de-acúçar, promete grandes lucros para o grande capital internacional, mas também, certamente, maior miséria para os trabalhadores, mais barbárie na devastação da natureza, maior exploração de mão-de-obra barata, em suma, avanço considerável na destruição do nosso mísero planeta.
Coincidentemente, enquanto espera a visita do seu colega americano, Lula declarou esta semana, para a surpresa até dos seus “companheiros” do PT, que um governo de ex-sindicalistas, como o dele, possui total autoridade para estabelecer limites para greves abusivas, sobretudo, em setores essenciais. Ora, provavelmente, a produção de biocombustível e de todo tipo de bioenergia já é considerado um dos “setores essenciais” dos governos Lula-Bush, fiéis aliados no avanço da miséria e da barbárie mundial do capitalismo.
Nesse sentido, basta dizer que até as tropas brasileiras no Haiti parecem fazer parte do plano Lula-Bush. Existem rumores que o Brasil poderia ser a ponta de lança para criar usinas de bioenergia à base de cana-de açúcar naquele país. Por petróleo ou por cana-de-açúcar, no Iraque ou no Haiti, o capital avança sem rumo destruindo o planeta.

domingo, junho 24, 2007

O novo iluminismo e o novo deus

"Os 400 delegados do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), reunidos desde segunda-feira em Banguecoque, aprovaram hoje um relatório que propõe medidas para limitar o aumento das temperaturas a uma subida de dois graus. Para alcançar este objectivo, a taxa de crescimento anual seria reduzido em 0,12 por cento a partir de 2030.
O relatório — um resumo de intenções dos decisores políticos que os peritos do IPCC aprovaram — "identifica, claramente, as medidas para lutar contra as alterações climáticas a um custo relativamente moderado", considerou Rajendra Pachauri, presidente do IPCC.
Os especialistas foram unânimes em declarar que, mais do que possível, é urgente agir contra o sobre-aquecimento global, que poderá chegar aos 6,4 graus em 2100, em relação ao período 1980-1999. No entanto, os peritos continuam a divergir quanto aos meios mais indicados para alcançar esse objectivo.Negociado até ao mais pequeno detalhe esta semana, o relatório do IPCC considera que os próximos 20 a 30 anos serão cruciais para garantir que as temperaturas médias do planeta não subam mais do que entre 2 e 2,4 graus. Se esse objectivo for alcançado, o IPCC estima que as emissões mundiais de gases com efeito de estufa (GEE) deverão começar a decrescer a partir de 2015, de acordo com o cenário mais optimista. Para estabilizar a concentração de gases com efeito de estufa na atmosfera a níveis situados entre as 445 e as 490 partes por milhão (ppm) e para conter o aumento das temperaturas, é preciso que estas emissões atinjam um pico até 2015 e que desçam em seguida 50 por cento (379 ppm) até 2050, segundo o documento."
Se continuarmos a fazer o que estamos a fazer agora, vamos ter graves problemas", advertiu Ogunlade Davidson, co-presidente de um grupo de trabalho do IPCC, na apresentação de uma síntese dos debates que tiveram lugar esta semana em Banguecoque.Bert Metz, co-presidente do grupo de trabalho III do IPCC, acredita no "grande potencial" para reduzir as emissões. "E esse potencial é tal que vai permitir compensar o crescimento das emissões com as tecnologias actuais". Metz acredita ainda que "todos os sectores poderão contribuir para a redução das emissões em todos os países do mundo".
A questão dos custos deste combate dominou os cinco dias de debates do IPCC, suscitando mesmo fricções entre os representantes dos países presentes, incluindo a China.O resumo aprovado hoje salienta que "os custos de redução são claramente suportáveis", disse Marc Gillet, líder da delegação francesa.IPCC apela à alteração do modo de vida de todos
O relatório sublinha também o contributo que cada indivíduo pode dar, como ir de comboio para o emprego, regular a temperatura da casa ou comer menos carne. "As alterações no modo de vida e dos comportamentos podem contribuir para a redução das emissões em todos os sectores", declara o relatório do IPCC.Mas alterar o modo de vida não significa que as populações dos países ricos ou pobres tenham de fazer sacrifícios. "Isto não é uma questão de sacrifício. É uma questão de mudança. Podemos fazer um desenvolvimento de forma muito mais sustentável", disse Ogunlade Davidson.
Rajendra Pachauri felicitou o antigo primeiro-ministro japonês Junichiro Koizumi que encorajou os seus funcionários a renunciar à gravata no Verão para poder reduzir um pouco a climatização.
Uma outra opção a tomar em consideração é tornar-se vegetariano, acrescentou Pachauri, de nacionalidade indiana, salientando que se trata de um conselho pessoal e não de uma posição oficial do IPCC.
"Se as pessoas comerem menos carne, elas poderão ter uma saúde melhor. E, ao mesmo tempo, estão a contribuir para a redução das emissões geradas pela criação de gado". Para produzir carne, transportá-la, refrigerá-la, encaminhá-la para os centros de distribuição, tudo isso contribui para a emissão de gases com efeito de estufa, lembrou.
Como Toupeira, simples observadora dos hábitos dos humanos deste e de outros sítios foco completamente siderado com as conclusões.
Não usar gravata, para poupar no ar condicionado?
Mas depois quantos banhos e quanta água será gasta ao pobre e depauperado planeta, pelos que usam gravata e deixam de usar, desligando o ar condicionado? Deveriam ter acrescentado às medidas:
Banhos, reduzidos a lavagens das partes mais mal cheirosas dos corpos e uma vez por mês ou por semana conforme o mapa de evolução mensal, anual ou mesmo horária do ozono e dessa coisas de que os humanos falam a toda a hora.
Para não suarem muito, quando pensam nas suas existências miseráveis:
Recomenda-se que em vez de olharem para o céu e fazerem meditação e técnicas de relaxamento, vão ao jardim zoológico e observem os animais e depois percebam, como funciona o comportamento humano.
Por mim é assim que faço, observo os humanos para perceber as toupeiras, coisa que o meu Avô Toupeira já me aconselhou a não fazer, mas pouco convencido e resmungando, disse qualquer coisa como; - afinal, somos todos bichos(…).
Tornar-se vegetariano?
Sabem de onde veio esta? Eu digo, com um pequeno comentário:
Estes tipos para além de loucos querem tornar os humanos uns ursos, sem desprezo para o animal, mas é um hábito humano chamar de urso ao fulano que cai no conto do vigário vezes de mais, ou seja um crédulo, por natureza, por convicção e fé.
A propósito de ser vegetariano, cito um texto tirado de “Sobre a liberdade” de John Stuart Mill:
“O caso dos Parses de Bombaim é um caso curioso. Quando esta trabalhadora e empreendedora tribo, constituída pelos descendentes dos adoradores de fogo persas chegou à Índia ocidental, obrigada pelos califas a fugir do seu país natal, eles foram recebidos com tolerância pelos soberanos hindus, sob condição de não comrem carne de vaca. Quando posteriormente, aquelas regiões caíram sob domínio dos conquistadores maometanos, os Parses obtiveram destes a continuação da indulgência, sob condição de se coibirem de comer carne de porco. O que era , a princípio, obediência à autoridade tornou-se uma segunda natureza e, até aos nossos dias, os Parses não comem nem carne de vaca nem de porco. Embora a sua religião não exigisse esta dupla abstinência, esta transformou-se, com o tempo, num costume da sua tribo; e o costume, no Oriente, é uma religião.”
Portanto, os humanos, para obedecer à nova religião mundial, o secularismo evangélico, baseado na crença de que a ciência humana, o novíssimo deus, coloca o homem no centro de tudo e que a natureza e as suas leis, serão geridas e reinventadas através das homilias e do exercício da sua liturgia.
Uma coisa é certa, acabam a comer ração em granulado, tudo em nome da salvação do planeta e do novo iluminismo, ou humanismo como quiserem chamar.
Percebi então que a grande Índia, quando se tornou independente, usou de pouco laicismo e muito hinduísmo, mas isso foi há tanto tempo e é tema tão sensível e complexo, como tudo o que diz respeito a estados laicos e não laicos, sendo melhor ficar por aqui, porque o tema não é este, se é que há tema.

sexta-feira, junho 22, 2007

CIA: Décadas de Sexo Mentiras e Vídeo (Assassínios Mentiras e Escutas) serão revelados na próxima semana

O chefe da CIA, General Michael Hayden, anunciou ontem na convenção anual da Sociedade de Historiadores das Relações Externas Americanas, que termina amanhã em Chantilly, Virgínia, a abertura para consulta pública, a partir da próxima segunda-feira, de um relatório de quase 700 páginas sobre graves (para alguns ainda surpreendentes) actividades ilegais cometidas pela agência estadunidense de serviços secretos e espionagem (Central Intelligence Agency) nos primeiros 25 anos da sua existência (1949-1973).
O dossiê de documentos, classificado como “jóias da família” na altura em que o chefe máximo da CIA era James Schlesinger (1973), inclui provas de violação de correspondência, escutas ilegais, acções de vigilância ilegítima sobre cerca de 10 000 activistas anti-establishment e pacifistas americanos, planos para assassinar alegados inimigos dos EUA, incluindo políticos estrangeiros, bem como experiências científicas ilegais em seres humanos.
Cinicamente, Hayden classificou o relatório como “um breve vislumbre de um tempo muito diferente e de uma agência muito diferente” procurando branquear a violação dos estatutos da CIA e uma lista infindável de crimes políticos – assassínio de Salvador Allende, presidente do Chile (1973) e de outros dirigentes latino-americanos durante as décadas de 50 e 60, a falhada tentativa de invasão de Cuba (1961) etc. – e cobertura de acções ilegais (tráfico de armas e drogas) desde o final da II Guerra Mundial até ao dias de hoje.
Todos os presidentes americanos sem excepção, desde Franklin Delano Roosevelt até ao actual, George W. Bush – com destaque para Truman, Eisenhower, Johnson, Nixon, Carter, Reagan, Bush (pai) e Clinton – ordenaram ou fizeram vista grossa a estas actividades criminosas. Uns republicanos, do GOP - Good Old Party - outros alegadamente democratas e liberais (versão New Deal da Era Roosevelt) do Partido Democrata. Nenhum pode clamar inocência ou ignorância sobre as criminosas, ilegais e corruptas actividades da CIA.
Entre as acções listadas pelo próprio Schlesinger destacam-se, especificamente 18:
1. Detenção de um desertor russo que “pode ser interpretada como uma violação da legislação sobre rapto e sequestro”;
2. Escutas visando dois jornalistas autónomos (freelance), Robert Allen e Paul Scott;
3. Vigilância física do jornalista especializado em escândalos e temas sensacionalistas Jack Anderson e os seus associados, um dos quais é Brit Hume, actual apresentador de noticiários e programas televisivos da globalista e fascizante Fox News (canal de notícias controlado pelo multimilionário americano-australiano Rupert Murdock);
4. Vigilância física executada sobre o repórter do Washington Post, Michael Getler;
5. Violação e arrombamento da residência de um antigo funcionário da CIA;
6. Violação e arrombamento do escritório de um antigo desertor;
7. Busca ilegal no apartamento de um antigo funcionário da CIA;
8. Violação de correspondência postal, entre 1953-1973, de e para a União Soviética;
9. Violação de correspondência postal. entre 1969-1972, de e para a República Popular da China;
10. Experiências de alteraçãodo comportamento em cidadãos americanos "inconscientes ou involuntários";
11. Planos para o assassínio do líder cubano Fidel Castro (falhado, 1961), de Rafael Leónidas Trujillo, ditador da República Dominicana (executado, 1961) e do primeiro-ministro eleito do Congo ex-belga – República Democrática do CongoPatrice Lumumba (executado, 1962);
12. Vigilância de grupos e activistas dissidentes entre 1967-1971;
13. Vigilância de uma cidadã latino-americana e cidadãos dos EUA, em Detroit;
14. Vigilância de Victor Marchetti, um ex-agente e crítico da CIA;
15. Elaboração e catalogação de ficheiros sobre as actividades de cerca de 10 mil americanos envolvidos no movimento pacifista (designadamente opositores da intervenção militar dos EUA no Vietname);
16. Experiências com detectores de mentiras. Uma das cobaias foi um xerife de San Mateo, Califórnia;
17. Produção de documentos de identificação falsos violando as leis estaduais;
18. Testes de equipamentos electrónicos em circuitos telefónicos dos EUA.
Em 1974, o então jornalista do New York Times, Seymour Hersh, foi o primeiro a denunciar estas actividades, num artigo publicado em 22/12/1974, sob o título “Gigantesca Operação da CIA nos Estados Unidos Contra Grupos Pacifistas e Outros Dissidentes na Era Nixon.”
Thomas Blanton, Director do Arquivo de Segurança Nacional, da Universidade de George Washington, em Washington, D.C., afirmou que “esta é a primeira vez que a CIA voluntariamente abre para consulta pública documentos secretos e material controverso desde que em 1998, George Tenet [na altura, director-geral] se negou a cumprir as promessas feitas nos 90 de uma política de maior abertura por parte da Agência”


Fontes: Blog Wired e reprodução de uma notícia da AP

quinta-feira, junho 21, 2007

Carta a um amigo

Caro amigo Pedro:
Diga-me se tiver conhecimento acerca dos bio combustíveis:
Há bio combustíveis e bio combustíveis.
O álcool por exemplo e o bio diesel.
Ao que sei o álcool liberta menos poluentes que o bio diesel. Será?
O chamado bio diesel liberta ou não CO2?
Então, pergunto eu, na minha sacrossanta ignorância:
O grupo de pressão travestido de ambientalista, descobriu um negócio que tramou, por exemplo os mexicanos que se lamentam da falta de milho para as tortilhas e o resto do mercado global dos cereais para alimentação humana e animal, está a ser desviado em nome do ambientalismo e da diminuição do efeito de estufa. A humanidade pode morrer à fome, mas nunca por causa do efeito de estufa ou dos gases poluentes, afinal a indústria dos citostáticos e afins precisa sobreviver.
O CO2 destes, é como o colesterol?
- O bom e o mau colesterol? Devo dizer: - (invenção de investigadores médicos para assustar o pessoal e para vender medicamentos caríssimos), ilustrando, com este (mau) exemplo, a minha estupidez, pouco científica. Primeiro começou-se pelo colesterol total e por determinados valores. Depois foram-se baixando os valores até níveis insuficientes para fabricar as hormonas sexuais e assim, atingiu-se o ideal isotérico, de diminuir a produção de hormonas e logo a fertilidade e a diminuição da frequência das relações sexuais e da qualidade das mesmas, obrigando a humanidade civilizada, e estupidificada, (que come o politicamente correcto, tipo ração, que passará a granulado muito em breve), a ter uma sexualidade assistida; ou seja trocam de casais e os loirinhos gostam de assistir a sessões onde a mulher loura muito branquinha, está a levar com um marmanjão escurinho e mais não digo (pornografia,não), porque pode ofender os libertinos em voga, ou os lóbistas dos grupos que antigamente eram tratados como paneleiragem ou fressureiras.
Mas fora de brincadeiras:
-O CO2 só conheço um, e como na história do colesterol, passou-se da proibição do peixe azul, (que afinal, os algarvios, povo à parte da maralha, há muito sabiam ser bom para a saúde), para a sua beatificação, tipo a santa petinga, apanhada pelos portugueses, deitada ao mar pela polícia marítima , mas se vendida aos espanhóis e revendida aos parvos dos portugueses, já pode ir à lota, tudo obra decerto dos eminentíssimos cleros mouras secularistas de um evangelho recentemente inventado.
Já que estamos em maré de comidas, afinal a gordura do velho porco preto é óptima, desde que alimentado a bolota e já agora importado de Espanha e o hamburger americano, que tem um nome parecido a uma cidade alemã, coisa que nunca percebi muito bem, mas a ignorância por vezes faz bem à saúde, é um veneno junto com as batatas fritas e o queijo, colocando uma folha de alface cheia de contraceptivos para ser mais verdinha e uma rodela de tomate, como antídoto, justificando a máxima, do dois em um, passa a ser mediterrânico e bom para a saúde, mas a mim não me convencem.
A Europa, aquele bocado ou extremidade do grande continente asiático, chamado euroasiático, que podia e devia ser chamado de asioeurático ou coisa do género, discute o umbigo, com uns polacos pelo meio, um que fala francês e outros dois que falam polaco e têm um aspecto meio abrutalhado, enquanto os outros, (do resto do mundo), tratam das vidinhas e aguardam tratar das vidinhas dos cidadãos desta espécie em extinção, os europeus.
A política agrícola, que de comum apenas tem o nome, porque beneficiários são apenas alguns, que se dedicam á criação de gado que pode vir a estar louco, ou então flores tipo túlipas e hortícolas em estufa aquecida, com a EDP lá do sítio a usar tarifas baixinhas, ainda não descobriram que vão ter que voltar às produções de cereais, milho e trigo e outras oleaginosas, ou então a globalização vai ser:
-dependência dos EUA e Canadá na alimentação do mundo e penso que já este ano, se vai tarde chegar a esta triste conclusão, que é preciso produzir, porque o gasóleo não serve para comer ou beber e está caríssimo. Os Ingleses estudaram bem a lição do velho John Stuart Mill, sobre o livre arbítrio, os franceses desde essa altura pagaram por defender as ideias dos Ingleses e foram afinal os seus macacos de imitação, o pior foi quando quiseram exportar as ideias à força, aí a França manteve-se moribunda até hoje, mas eles não sabem disso, basta ver as eleições; uma mulher e um tipo que é meio francês. Ao que isto chegou, meu Deus. O problema é que é doença contagiosa e galopante, como diziam os antigos clínicos, quando queriam justificar uma morte por pneumonia, era sempre dupla.
Bem, até pareço um puto a escrever e a contar as aventuras ao avô, são influências dos meus netos, mas ainda tento fazer pontuação.
Não sou economista, mas a mim me parece, que os economistas deste mundo velho ou são tolos ou leram todos pelas mesmas cartilhas e qualquer marçano de bairro sabe fazer e prever melhor as contas que esta rapaziada que apenas diz o que o patrão manda, como é o caso de muito jornalista e político deste velho continente, que já há muito se verifica serem mandados pelos mercados e pelas bolsas do novo mundo, que por sua vez são comandadas pelos gurus do Banco Central Norte Americano, pelo FMI e Afins, comandados por enquanto pelos plutocratas mundiais, que por acaso e por enquanto, têm uma densidade por metro quadrado vista do espaço através do Google Earth, inusitada, em NY.
Fique bem e não pense muito, “diz o roto ao nu, com que te vestes tu”.

Toupeira ao dispor, fazem-se túneis com garantia e sem problemas, excepto: túneis tipo coelhos beirões.

BRICS: Gestores ocidentais desconhecem mercados emergentes

O diário digital do Dubai Kahaleej Times noticiou hoje que, de acordo com o resultado de um inquérito da telefónica britânica British Telecom “as companhias ocidentais demonstram um desconhecimento preocupante sobre mercados emergentes como a Índia, país que está a redesenhar globalmente os modelos de negócio.”
O estudo, divulgado hoje em Bangalore (Índia), baseou-se em inquéritos a 800 directores de grandes empresas americanas, britânicas, alemãs e francesas para avaliar o seu grau de conhecimento sobre os chamados BRICS Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Mais de metade desconhecia que a unidade monetária indiana é a rupia; a larga maioria dos inquiridos (9 em cada 10) revelou não saber que moeda brasileira é o real. Porém, ainda mais surpreendente é o facto de uma expressiva minoria (14%) de gestores, todos com educação superior, muitos mestrados e MBA's, ter respondido às perguntas - Qual é o principal produto russo? Vodka ou petróleo? - que era a bebida nacional do país comandado pelo ex-oficial do KGB, Vladimir Putin...
O relatório revela igualmente que
“enquanto 60% dos inquiridos (…) admitem que as economias emergentes estão a reinventar o ambiente global dos negócios, muitos aparentam dispor de um conhecimento rudimentar sobre as comunidades de negócios daqueles países”.
O conglomerado financeiro americano Goldman Sachs (GS) foi o inventor do acrónimo BRIC’s, em 2003, num relatório sobre o galopante crescimento económico e o seu correlativo peso no comércio mundial, de quatro países ― Brasil, Rússia, Índia e China. Mais recentemente os media anglófonos incluíram no grupo a África do Sul (país da Commonwealth, organização que inclui a maioria das ex-colónias do Império Britânico) rebaptizando-o de BRICS.
No citado relatório, a GS adiantou a previsão de que, face ao gigantesco potencial conjugado dos quatro países, os BRIC poderiam tornar-se as economias dominantes a nível mundial por volta de 2050. Os cálculos da financeira estadunidense apontavam para uma realidade previsível de o grupo, conjuntamente, em meados do século XXI, deter uma quota de 40% da população mundial e gerar um PIB agregado de 15 biliões (trillions) de dólares.

quarta-feira, junho 20, 2007

Espionagem Industrial: Empresas na Índia são ingénuas e vulneráveis

Um conjunto de investigações e estudos realizados recentemente por empresas locais e globais de consultoria estratégica, gestão e segurança empresarial, detectou um aumento exponencial de casos de espionagem industrial/empresarial na Índia, durante os últimos anos, afectando organizações nacionais e estrangeiras activas no mercado indiano. A maioria dos casos ou não é divulgada ou nem sequer é detectada, concorda a generalidade dos analistas.
“Eu diria que em 95 a 98% dos casos são os próprios funcionários que traficam os segredos das empresas afectadas” afirmou hoje ao jornal Times Ascent (Grupo Times of India) Rahul Rai, director de operações do Globegroup, uma empresa indiana de investigação e segurança. Em sua opinião, os concorrentes de uma empresa alvo - da qual querem obter ilegalmente informação estratégica interna - identificam os empregados mais vulneráveis das "vítimas" e depois contratam-nos para lhes fornecerem segredos sobre a respectiva estratégia de curto e médio prazo, desenvolvimento de novos produtos e/ou serviços, investigação e desenvolvimento tecnológico, campanhas de marketing, etc.
A multinacional da consultoria Ernst & Young, na sequência de uma sondagem executada no ano passado, citada em Maio pelo Asia Times Online (ATO), concluiu que “o sector empresarial indiano enfrenta a maior ameaça de fraude, incluindo espionagem.”
Outra multinacional do sector – a KPMG – num estudo idêntico, referido pelo mesmo jornal electrónico asiático, considera que “actualmente as organizações enfrentam um conjunto de desafios completamente diferente ― globalização, rápida evolução tecnológica, as fulgurantes mudanças na indústria e nos negócios, riscos e complexidade da informação e gestão de dados; a lista é infindável.”
Na Índia este fenómeno não é novo, mas antigamente acontecia nos círculos das empresas estatais, designadamente as ligadas à defesa e à produção de armamento. “O que mudou nos últimos anos ― na opinião de Ashwin Parikh da Ernst & Youngforam os métodos usados e o facto de os alvos serem agora organizações do sector empresarial. A prática de usar estudantes (por exemplo) para ‘sacar’ informação sobre um concorrente atingiu agora níveis incontroláveis.” Um advogado criminalista de Mombai, Satish Maneshinde sustenta que “integridade é a mercadoria mais barata que se pode comprar na Índia de hoje.”
Por seu turno, Raghu Raman, fundador e administrador da Mahindra Special Services Group, firma especializada em consultoria sobre segurança da informação, considera que “companhias que investem centenas de milhares de dólares em sistemas e programas de segurança informática esquecem-se que cerca de 15% dos seus empregados são frequentemente contactados por empresas de recrutamento de pessoal altamente qualificado, bem como por potenciais empregadores e/ou competidores das empresas onde trabalham.” Raman revelou igualmente que apenas 20% dos casos de espionagem industrial/ empresarial são detectados na Índia. Desses apenas um quinto são divulgados e apenas 10% são resolvidos.
A Ernst & Young, no estudo que efectuou, aponta algumas soluções: “A fraude é cara e fracturante, tornando preferível a prevenção à investigação e recuperação dos danos. (…) A prevenção e detecção são formas mais sensatas de agir e resultam em reduções de custos para as organizações.”
A Mahindra Special Services põe o dedo na ferida relativamente aos erros e ingenuidade das empresas vítimas de espionagem. “Os empregados devem ser a primeira linha de defesa e ter consciência dos riscos e ameaças. O outro imperativo é não confundir a segurança da informação com a segurança das tecnologias de Informação.”

terça-feira, junho 19, 2007

Competitividade Tecnológica 2006-2007: Portugal cai para 28º

O Fórum Económico Mundial divulgou, em Março de 2007, o Global Information Technology Report (GITR na sigla em inglês) 2006-2007, um relatório que analisa a capacidade de utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) em 122 países.
Portugal voltou a perder competitividade no sector – passou de 27.º para 28.º ― apesar das insistentes boas novas divulgadas cá pelo burgo pelo governo e pela maioria dos politicamente correctos órgãos de comunicação social.
O Global Information Technology Report, realizado em parceria com o INSEAD e a Cisco, analisa globalmente a capacidade de utilização das TIC em cada país através de rankings relativos a 60 indicadores sobre diferentes aspectos do conceito de Networked Readiness Index (NRI), ou seja a capacidade dos países para rentabilizar e utilizar as oportunidades criadas pelo desenvolvimento das TIC na sociedade da informação e do conhecimento.
Neste relatório, que já vai na sua 6.ª edição, e compara os períodos 2005-2006 com os desempenhos em 2006-2007, a competitividade tecnológica mundial é liderada pela Dinamarca (5,71 pontos), que subiu do 3.º para o 1.º lugar. Outras subidas significativas foram as registadas pela Holanda que saltou do 12º para o 6º posto, além dos ganhos atribuídos ao Canadá, Taiwan e Suíça.
Porém, em 2007, confirmaram-se os efeitos perversos da globalização para os Estados Unidos, que passou do 1.º para o 7.º lugar, mas também para a República Popular da China que entre 2004 e 2007 foi sempre perdendo terreno: 41º, 50.º e 59.º lugares respectivamente. Todavia, é bom não esquecer que três tigres chineses – Singapura, Hong Kong e Taiwan – em 2007 ocupavam respectivamente a 3.ª, 12.ª e 13.ª posição no ranking mundial… Os restantes BRIC’s tiveram igualmente posições aparentemente modestas em 2007 – Brasil-53.º; Rússia-70.º; Índia-44.º - mas que se justificam pela sua enorme dimensão geográfica, pelas medíocres infra-estruturas e, também, pelas desigualdades na distribuição da riqueza e falta de recursos da esmagadora maioria da população para aceder às TIC. Nestes países existem pequenos oásis de excelência tecnológica no seio de gigantescas áreas geográficas onde a pobreza, a agricultura de subsistência, a ausência de industrialização e o baixo nível de educação são factores que pesam nos resultados.
Portugal obteve uma pontuação de 4,48 pontos no Networked Readiness Índex. Apesar da queda de um lugar na classificação, conseguiu manter-se à frente de países como a Espanha (32º), Itália (38º) e Grécia (48º).
O posicionamento de cada país no NRI resulta de uma avaliação em três dimensões: enquadramento (ambiente macro-económico e regulatório, infra-estruturas de rede, etc), do grau de preparação (readiness) de indivíduos, empresas e administração pública em aceder e utilizar os avanços tecnológicos e a utilização efectiva das TIC por esses agentes. Assim, o índice NRI permite aferir a tendência/competência que cada país demonstra para acompanhar e obter vantagens competitivas, no aprofundamento e desenvolvimento do saber e do conhecimento avançado, na área das TIC.
De acordo com os autores do estudo, o Global Information Technology Report, produz um retrato dos países avaliados e faz benchmarking (comparação com as melhores práticas e a excelência) reconhecido na análise do seu desempenho real, em termos de competitividade tecnológica, através de metododologias e ferramentas adequadas de controlo, acompanhamento e avaliação.
Para mais informações consulte os seguintes rankings:

BRIC’s e Competitividade: Brasil já compete com Índia na exportação de serviços TIC

Os brasileiros seguem o exemplo da Índia e competem no mercado da prestação de serviços, numa lógica metanacional, disponibilizando mão-de-obra mais barata para a execução de tarefas com grande procura, mas com custos bem mais elevados, se fossem executadas nos países industrializados por trabalhadores autóctones.
Na edição de ontem, a Folha de São Paulo apresenta o caso de uma paulista – Marina Teixeira da Costa – com 24 anos, que embora pique o ponto na IBM, em Hortolândia, a 105 km de São Paulo, Brasil, na verdade, aparentemente, ele opera a partir dos escritórios da IBM, no Canadá.
O seu trabalho consiste em emitir facturas, em inglês, relativas à prestação de serviços nas áreas da educação e formação profissional, em locais e países espalhados pelo mundo, que são automaticamente enviadas por via electrónica para os clientes da empresa americana.
Em Hortolândia está sedeado um dos quatro Global Delivery Services (GDS), unidades de negócio especializadas no fornecimento global de serviços que a IBM opera no mercado global. O GDS brasileiro é o segundo maior do mundo, a seguir ao indiano.
Entre 2004 e 2006, o número de funcionários da GDS paulista passou de 1 714 para 5 832, sendo que 71% deles têm formação universitária. Em 2007, o número de funcionários da empresa de Hotolândia subiu para os 7 000…
Marina, licenciada em História, engrossa o crescente batalhão de trabalhadores qualificados brasileiros que trilham o mesmo caminho que os indianos – com a vantagem de dominarem a língua inglesa – calcorrearam na década de 90. Quinze anos passados, a Índia conquistou a liderança mundial no mercado globalizado da exportação de serviços assentes em plataformas digitais e de sofisticados produtos de hardware e software na área das TIC –Tecnologias de Informação e Comunicação.

Competitividade: Checos exploram oportunidades no Brasil e Mercosul

Depois de aderir à União Européia e empenhada numa estratégia que beneficie da globalização da economia, a República Checa está a investir na diversificação de mercados, designadamente alargando as relações comerciais com países da América Latina, entre os quais o Brasil, noticiou ontem o Diário do Nordeste, editado em Fortaleza, estado nordestino do Ceará.
O estado do Ceará é um dos alvos preferenciais dos importadores e exportadores checos. O superintendente do Centro Internacional de Negócios (CIN), ligado à Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Eduardo Bezerra, explicou que o principal objectivo da visita de diplomatas e empresários daquele país, recentemente membro da União Europeia, consistiu na diversificação do leque de comércio do país com o Brasil, “ainda muito concentrado em transacções com estados do Sul e do Sudeste”, especialmente com São Paulo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Bezerra aposta em bens produzidos no Ceará com comprovada vocação exportadora e relevante presença no mercado externo, como a castanha-de-caju, os produtos têxteis e os couros e calçados. Além destes, ele destaca setores de menor dimensão, mas com grande potencial, como as rochas ornamentais, os móveis e as confecções.
Balança Comercial
As trocas comerciais entre o Ceará e República Checa ainda são diminutas face ao grande potencial de crescimento. No acumulado de 2007, até Abril, os exportadores cearenses já exportaram mercadorias para aquele país no valor de USD 723 milhões. Em apenas quatro meses, as vendas externas mais que duplicaram os números atingidos em 2006 (USD 300,8 milhões) e ultrapassaram o crescimento de 300% registados em 2005 (USD 199 milhões). As importações, em contrapartida, passaram ao longo dos últimos anos por uma tendência de reequilíbrio da balança comercial.
Em 2005, entraram no Ceará US$ 718,8 milhões em produtos checos, montante que caiu levemente para US$ 715 milhões em 2006. Em 2007, o acumulado já é de US$ 589 milhões. Os cearenses compram dos checos, sobretudo, maquinaria para as indústrias de têxteis, confecções e calçado.

segunda-feira, junho 18, 2007

Iraque: Gorbachev critica Bush. Acusa-o de egoísmo e sugere soluções sensatas

O desenvolvimento de uma estratégia para a retirada das tropas é a única ajuda real que o presidente George W. Bush pode dar ao Iraque, e pôr termo aos erros sucessivos cometidos pela administração americana desde a invasão daquele país, ignorando arrogantemente os conselhos de muitos governos, alguns dos quais seus aliados tradicionais, escreveu Mikhail Gorbachev, num artigo de opinião, publicado na edição de ontem do jornal canadiano, The Star.
O antigo presidente da desmembrada União Soviética (URSS) revela “constar que a administração [Bush-Cheney] está a avaliar a possibilidade de, no próximo ano, reduzir para metade o número das tropas americanas no Iraque, bem como terminar as missões de combate substituindo-as por acções de apoio e treino. (…) A Administração iniciou contactos com os vizinhos do Iraque, Irão e Síria. Assim, mesmo aqueles que persistem nos seus erros e ilusões são compelidos a repensar ou, pelo menos, a refazer o embrulho das suas políticas.”
“Mas será isto uma verdadeira mudança para melhor? Uma luz ao fundo túnel?”
interroga-se o ex-líder soviético para, peremptoriamente, responder: “Não.” Gorbachev considera que “a chave para se entender a situação (…) é simples. O Iraque está ocupado por tropas americanas.”
As mudanças institucionais – eleições, novo parlamento, novo governo – não mudaram nada de essencial, sustenta o ex-líder do Kremlin. “Milhões de iraquianos – prossegue – vêem a ocupação como uma humilhação nacional. Isto alimenta conflitos sectários, rixas entre civis e a continuação da instabilidade.”
Sobre a táctica do presidente Bush, o pai da glasnost e da perestroika considera-a, no mínimo, oportunista e enganadora. “Bush acusa os terroristas (que por acaso não tinham no Iraque um refúgio seguro, antes da invasão) e exorta os vizinhos do Iraque e a comunidade internacional a cooperarem na tarefa de estabilização do país. (…) De facto, a maior parte dos parceiros internacionais dos EUA (…) – mesmo os que condenaram a invasão – estão prontos para cooperar. Durante uma conferência realizada recentemente em Sharm el-Sheikh, no Egipto, foi acordado o perdão de 30 mil milhões de dólares da dívida iraquiana. Esta decisão foi apoiada pela China, Arábia Saudita, Espanha e por outros países participantes. Antes desta conferência, já a Rússia aceitara perdoar a maior parte da dívida iraquiana. Por isso, não há razão para acusar os membros da comunidade internacional de não entenderem a importância de um Iraque estável. Porém, a administração Bush parece usar esta aparente atitude construtiva para fins egoístas. Em lugar de pedir aos seus parceiros para ajudarem o Iraque, recusa-se a pôr em prática a única coisa que realmente ajudaria aquele país: desenvolver uma estratégia para a retirada.”
Gorbachev
, no artigo de opinião publicado pelo jornal de Toronto que temos vindo a citar, considera a desocupação militar do Iraque como “inevitável”, mas insiste na dúvida sobre a noção de timing por parte do Pentágono e da Casa Branca: “Não seria melhor retirar quando os actores principais, dentro e fora do Iraque, estão de acordo relativamente às questões principais?” questiona.
O artigo longe de abordar a questão pela análise crítica e desassombrada à política externa e de defesa dos Estados Unidos, vai mais além e sugere um conjunto de ideias e soluções, que revelam um estadista com visão e bom senso.
“Em primeiro lugar, para assegurar a manutenção da ordem é não apenas concebível como necessária a substituição das tropas americanas por soldados de outros países, cuja presença evite ressentimentos no seio do povo iraquiano. Tal missão deveria ser aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU. (…) Ninguém deve temer a internacionalização do problema iraquiano; No fim de contas, todas as partes ganhariam com isso.”
Após criticar abertamente a política americana, durante e após a guerra URSS-Afeganistão, acusando Washington de não ter cumprido as promessas feitas previamente à retirada das tropas soviéticas, bem como de ter ignorado os seus avisos relativamente aos perigos que resultariam da instabilidade e do caos na região – dando como exemplo os atentados de 11 de Setembro de 2001, em Nova Iorque e Washington – Gorbachev conclui o seu artigo, com reflexões avisadas, oportunas e pertinentes:
“Há quem possa discordar de analogias históricas, como entre o Vietname e o Afeganistão, sustentando que não são comparáveis. É verdade que cada conflito tem as suas características próprias, mas muitas das respectivas lições, são semelhantes.
“Pensem longa e arduamente antes de tentarem resolver qualquer problema pela via militar. Discutam até à exaustão, e reflictam até sobre hipóteses aparentemente inconsequentes ou irreais, procurando caminhos que viabilizem uma solução por meios pacíficos. Se, no entanto, uma grande potência cometer o erro de se envolver num conflito armado, não deve piorar a situação por, arrogantemente, se recusar a dar atenção aos avisos de terceiros sobre as terríveis consequências dos seus actos.
Finalmente, e ainda mais importante, deve ter-se a percepção, logo no início, de que tais conflitos só serão resolvidos através de soluções políticas. Tentem-no honestamente, não pensem de forma egoísta e tenham uma visão de longo e não de curto prazo.”

Nota final:
Mikhail Gorbachev desempenhou o cargo de líder da União Soviética entre 1985 e 1991, ano em que foi afastado do poder por Boris Yeltsin, e que marcou o princípio do fim do império soviético. Em 1990 foi laureado com o Nobel da Paz. Actualmente ocupa-se com a actividade da Fundação Gorbachev, presidindo aos destinos da sua organização âncora: a Fundação Internacional para Estudos Políticos e Sócio-Económicos.

domingo, junho 17, 2007

Nova França quer Blair como 1º Presidente da União Europeia

O recém-eleito presidente françês de centro-direita, Nicolas Sarkozy, quer que Tony Blair seja o primeiro presidente da União Europeia (UE), noticiou ontem o eurocritítico jornal britânico especializado em assuntos económicos Financial Times (FT).
O novo cargo acabaria com as presidências semestrais ocupadas rotativamente por cada estado membro (independentemente do seu peso político-económico) e estaria mais em sintonia com a Presidência da Comissão Europeia, liderada pelo social-democrata português, Durão Barroso, fiel aliado da anglo-americana NATO a quem ofereceu a soberania das Lajes a troco da eurocracia de Bruxelas.
O jornal britânico citando “fontes diplomáticas alemãs”, assegurou que Sarkozy já abordou esta possibilidade com vários chefes de Estado e de governo europeus, incluindo Angela Merkel, a chanceler federal alemã, que exerce a Presidência da União até ao final de Junho, e a quem sucederá nos seis meses seguintes o primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates um social-democrata defensor da submissão das políticas públicas às mecânicas do mercado e do neoliberalismo.
O FT – jornal que reflecte as posições dos think tanks globalistas financiados pelos clãs comunitalistas da alta finança e da energia kyotofóbica (Rothschild, Rockefeller, & Companhia) – atira o barro à parede apresentando o novo inquilino do Eliseu, como a personalidade aparentemente escolhida pelo respectivo perfil (autoritário, xenófobo e adepto da globalização em detrimento da soberania dos Estados-Nação) para cooperar com a estratégia anglo-americana de enfraquecimento e dependência político-militar da Europa face à geopolítica de Washington, Lodres e Telavive.
E quem melhor do que um falso euro-tolerante britânico como Blair - social-democrata submisso e obediente aos interesses da alta finança e do complexo industrial militar norte-americano - para liderar o processo: alinhamento das políticas europeias com os interesses americanos; fim das veleidades de uma União Europeia com voz própria, arredia dos interesses da aliança anglo-americana-israelita e da abertura à cooperação e estreitamento de parcerias estratégicas com a Rússia e a China?
Mas o que teria a orgulhosa e outrora eurocêntrica França a ganhar com isto? Ou muito nos enganamos ou a moeda de troca seria a manutenção da Política Agrícola Comum (PAC), cujo principal beneficiário é a França (+ de 40% dos subsídios favorecem o sector primário francês), contra a vontade da maioria dos países membros (sobretudo os nórdicos fora da zona Euro) e na frente de combate os beefs anglo-saxónicos pró-americanos que, na verdade, sempre foram contra uma Europa Continental forte sonhada por Helmuth Schmidt e Giscard d’Estaing (o eixo Bona-Paris, lembram-se?...) e verdadeiros impulsionadores do ECU e, por isso, pais biológicos do Euro) …
De uma penada, os novos países membros do leste e os elos mais fracos do sul (incluindo Portugal) seriam presas fáceis da complexa teia de interesses que se atropela no espaço euro unionista, urdida e gerida pelos eurocratas de Bruxelas, Luxemburgo, Estrasburgo e Frankfurt – centros de decisão dos poderes executivo, legislativo, judicial e financeiro da União Europeia. Os menos ricos e poderosos, passariam a desempenhar papéis acessórios, mas inferiores aos de figurantes, o seu verdadeiro estatuto actual, num filme com um astronómico orçamento, realizado à la Hollywodd e viabilizado com os fundos que os financeiros mais apreciam – OPM (Other People’s Money) – o dinheiro dos outros ou, se preferirem, dos contribuintes.
O gabinete de Blair, evidentemente, negou a hipótese: “Mr. Blair já afirmou que futuramente não quer estar na política, na linha da frente”, esclareceu a porta-voz de Downing Street. Pelos vistos, o ainda chefe do governo britânico, ao fim de dez anos de poder, percebeu que nos bastidores é que é bom: muito mais seguro, eficaz e vedadeiramente lucrativo. Enfim, fora do palco, realmente, é o lugar onde de facto se exerce o verdadeiro poder…

segunda-feira, junho 11, 2007

Fidel: O 7.º Governante mais rico do mundo em 2006

Fidel Castro, em Maio de 2006, foi classificado na lista dos 10 mais ricos membros da Realeza, Governantes e Ditadores do mundo, pela revista estadunidense Forbes, como o 7.º líder multimilionário de um país (Cuba), com uma fortuna avaliada em 900 milhões de dólares, o equivalente, na época, a 709 milhões de euros*, deixando para trás duas importantes cabeças coroadas europeias:

1) Abdullah Bin Abdulaziz, 82 anos, Rei da Arábia Saudita, Fortuna: 21 mil milhões de dólares (16,5 mil milhões de euros);
2) Sultan Haji Hassanal Bolkiah, 59 anos, Sultão do Brunei, Fortuna: 20 mil milhões de dólares (15,7 mil milhões de euros);
3) Sheikh Khalifa bin Zayed Al Nahyan, 58 anos, Presidente dos Emiratos Árabes Unidos; Fortuna: 19 mil milhões de dólares (14,9 mil milhões de euros);
4) Sheikh Mohammed bin Rashid Al Maktoum, 56 anos, Emir do Dubai; Fortuna: 14 mil milhões de dólares (11 mil milhões de euros);
5) Hans Adam II von und zu Liechtenstein, 61 anos, Príncipe do Liechtenstein; Fortuna: 4 mil milhões de dólares (3,1 mil milhões de euros);
6) Alberto II, 48 anos, Príncipe do Mónaco, Fortuna: 1,0 mil milhões de dólares (788 milhões de euros);
7) Fidel Castro, 79 anos, Presidente de Cuba, Fortuna: 900 milhões de dólares (709 milhões de euros);
8) Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, 63 anos, Presidente da Guiné Equatorial, Fortuna: 600 milhões de dólares (473 milhões de euros);
9) Isabel II, 80 anos, Rainha do Reino Unido e de 16 estados soberanos da Commonwealth, Fortuna: 500 milhões de dólares (394 milhões de euros);
10) Beatriz Wilhelmina Armgard, 68 anos, Rainha da Holanda, Fortuna: 270 milhões de dólares (212 milhões de euros).

A fortuna de Fidel cresceu exponencialmente nos últimos anos, segundo a revista, pois em 2003 fora estimada nuns “míseros” 110 milhões de dólares (87 milhões de euros).
O Governo de Cuba e o próprio Fidel reagiram enérgica e indignadamente a esta classificação da revista americana de negócios, acusando o artigo de ser uma “infâmia”, denegrindo-o como “um ladrão” e ameaçando-a com processos judiciais prometendo que renunciaria ao cargo se as revelações da Forbes fossem provadas.
Em Brasília, o
Itamaraty (sede do Ministério das Relações Exteriores) durante o primeiro consulado do único presidente brasileiro eleito como operário metalúrgico e sindicalista, Lula da Silva, integrou na sua resenha de imprensa informação dos jornais brasileiros sobre o assunto. De um deles respigamos as seguintes passagens:

(...)

"Os desafio a provarem... que tenho conta no exterior... de um dólar (que seja) e renuncio ao cargo", afirmou Fidel na noite de segunda-feira durante uma entrevista na televisão.
Rodeado por assessores e ministros, Fidel acusou a revista de tentar depreciar a revolução e diminuir suas conquistas fazendo com que ele pareça um "ladrão".
Para Fidel, sua aparição na lista faz parte de uma campanha de propaganda contra a ilha dirigida pela direita americana. "Procurem em todos os bancos do mundo... busquem um testa-de-ferro, procurem uma conta, procurem um dólar", disse o mandatário.
"Se eles conseguirem confirmar que tenho uma conta bancária no exterior com US$ 99 milhões, com US$ 1 milhão, 500 mil, 100 mil ou US$ 1, eu renunciarei", afirmou ele. Já no ano passado, Fidel ameaçou processar judicialmente a Forbes porque a publicação o incluiu na sua lista de 2005 com uma fortuna avaliada em US$ 550 milhões.
Possíveis posses

As estimativas da Forbes incluem empresas estatais que a revista pressupõe que estejam sob o controle de Fidel em Cuba, entre elas o Havana Convention Center, o conglomerado de varejo Cimex e uma empresa farmacêutica que exporta vacinas. A Forbes disse supor que uma parcela dos lucros das empresas estatais vão para Fidel e citou boatos da existência de dinheiro em contas bancárias secretas na Suíça, mas não deu detalhes.
Fidel, lamentando ter de se defender de "mentiras" e "calúnias", disse que seu valor líquido é nulo e que ganha apenas 900 pesos cubanos por mês (o equivalente a US$ 36,00).
"É tão ridículo dizer que tenho uma fortuna de US$ 900 milhões, uma fortuna sem herdeiros. Para que eu precisaria de todo esse dinheiro, se logo farei 80 anos?", questionou.
Os ministros e colaboradores também saíram em defesa do presidente. "Não há nada na história de Fidel de apego a coisas materiais... Escolheram mal o milionário", afirmou na tevê o ministro da Cultura, Abel Prieto.

(...)