domingo, junho 17, 2007

Nova França quer Blair como 1º Presidente da União Europeia

O recém-eleito presidente françês de centro-direita, Nicolas Sarkozy, quer que Tony Blair seja o primeiro presidente da União Europeia (UE), noticiou ontem o eurocritítico jornal britânico especializado em assuntos económicos Financial Times (FT).
O novo cargo acabaria com as presidências semestrais ocupadas rotativamente por cada estado membro (independentemente do seu peso político-económico) e estaria mais em sintonia com a Presidência da Comissão Europeia, liderada pelo social-democrata português, Durão Barroso, fiel aliado da anglo-americana NATO a quem ofereceu a soberania das Lajes a troco da eurocracia de Bruxelas.
O jornal britânico citando “fontes diplomáticas alemãs”, assegurou que Sarkozy já abordou esta possibilidade com vários chefes de Estado e de governo europeus, incluindo Angela Merkel, a chanceler federal alemã, que exerce a Presidência da União até ao final de Junho, e a quem sucederá nos seis meses seguintes o primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates um social-democrata defensor da submissão das políticas públicas às mecânicas do mercado e do neoliberalismo.
O FT – jornal que reflecte as posições dos think tanks globalistas financiados pelos clãs comunitalistas da alta finança e da energia kyotofóbica (Rothschild, Rockefeller, & Companhia) – atira o barro à parede apresentando o novo inquilino do Eliseu, como a personalidade aparentemente escolhida pelo respectivo perfil (autoritário, xenófobo e adepto da globalização em detrimento da soberania dos Estados-Nação) para cooperar com a estratégia anglo-americana de enfraquecimento e dependência político-militar da Europa face à geopolítica de Washington, Lodres e Telavive.
E quem melhor do que um falso euro-tolerante britânico como Blair - social-democrata submisso e obediente aos interesses da alta finança e do complexo industrial militar norte-americano - para liderar o processo: alinhamento das políticas europeias com os interesses americanos; fim das veleidades de uma União Europeia com voz própria, arredia dos interesses da aliança anglo-americana-israelita e da abertura à cooperação e estreitamento de parcerias estratégicas com a Rússia e a China?
Mas o que teria a orgulhosa e outrora eurocêntrica França a ganhar com isto? Ou muito nos enganamos ou a moeda de troca seria a manutenção da Política Agrícola Comum (PAC), cujo principal beneficiário é a França (+ de 40% dos subsídios favorecem o sector primário francês), contra a vontade da maioria dos países membros (sobretudo os nórdicos fora da zona Euro) e na frente de combate os beefs anglo-saxónicos pró-americanos que, na verdade, sempre foram contra uma Europa Continental forte sonhada por Helmuth Schmidt e Giscard d’Estaing (o eixo Bona-Paris, lembram-se?...) e verdadeiros impulsionadores do ECU e, por isso, pais biológicos do Euro) …
De uma penada, os novos países membros do leste e os elos mais fracos do sul (incluindo Portugal) seriam presas fáceis da complexa teia de interesses que se atropela no espaço euro unionista, urdida e gerida pelos eurocratas de Bruxelas, Luxemburgo, Estrasburgo e Frankfurt – centros de decisão dos poderes executivo, legislativo, judicial e financeiro da União Europeia. Os menos ricos e poderosos, passariam a desempenhar papéis acessórios, mas inferiores aos de figurantes, o seu verdadeiro estatuto actual, num filme com um astronómico orçamento, realizado à la Hollywodd e viabilizado com os fundos que os financeiros mais apreciam – OPM (Other People’s Money) – o dinheiro dos outros ou, se preferirem, dos contribuintes.
O gabinete de Blair, evidentemente, negou a hipótese: “Mr. Blair já afirmou que futuramente não quer estar na política, na linha da frente”, esclareceu a porta-voz de Downing Street. Pelos vistos, o ainda chefe do governo britânico, ao fim de dez anos de poder, percebeu que nos bastidores é que é bom: muito mais seguro, eficaz e vedadeiramente lucrativo. Enfim, fora do palco, realmente, é o lugar onde de facto se exerce o verdadeiro poder…